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Se você acha que sabe qual a verdadeira aparência de um sapo irá se espantar ao descobrir que alguns deles podem ter outras cores e medir apenas 10 milímetros (mm). É o caso das quatro novas espécies de anfíbios descobertas na Serra do Mar recentemente pelo pesquisador paranaense Luiz Fernando Ribeiro, que serão divulgadas em junho em uma revista científica norte-americana.

A pesquisa de Ribeiro começou em 2000, depois que ele se interessou pela descoberta de outra bióloga sobre uma nova espécie da família Brachycephalideos, no morro do Anhangava, em Quatro Barras, na região metropolitana de Curitiba. "Minha intenção era encontrar novas espécies em distintos morros da Serra do Mar", explica. E ele conseguiu. Depois de três anos de trabalho de campo nos morros Marumbi, Caratuva, Serra da Prata e Serra da Igreja, o biólogo teve sua pesquisa reconhecida cientificamente.

Professor de Genética na Universidade Tuiuti do Paraná, Ribeiro utilizou o estudo sobre os "sapinhos da montanha", como ele mesmo os chama, para defender sua tese de doutorado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Entre as curiosidades ressaltadas no trabalho dizem respeito ao ambiente e aos hábitos desses anfíbios do gênero Brachycephalus. Com tamanhos que variam de 10 a 12 mm, eles vivem no topo de morros, a uma altitude que varia de mil a 1,8 mil metros, e habitualmente são encontrados em meio a folhas secas. Tem hábitos diurnos, andam mais do que pulam, apresentam cores diferenciadas, como o vermelho, e seu desenvolvimento é direto, ou seja, dos ovos não nascem girinos, mas sim filhotes já formados. "É interessante pois difere da grande maioria dos anfíbios, que geralmente preferem lugares quentes e úmidos, têm atividade noturna e se reproduzem indiretamente", completa Ribeiro.

A reprodução externa é a única semelhança. Para provocar a ovulação na fêmea, o macho sobe em cima dela, que libera os ovos. Só então o macho coloca seu esperma sobre eles para fecundação.

A importância dos sapinhos na cadeia alimentar da região ainda está sendo estudada, mas sabe-se que eles se alimentam de pequenos insetos, larvas, aranhas e ácaros, que se formam sobre as folhas.

O valor da pesquisa de Ribeiro pode ir além de descobertas puramente biológicas. "Quem sabe podemos descobrir em sua pele alguma substância química que possa ser revertida em benefício do homem", acredita. Hoje, por exemplo, a medicina utiliza substâncias presentes em anfíbios para produzir anestésicos.

Além de estudar e ampliar a biodiversidade existente no Paraná, a descoberta de Ribeiro alerta também para a importância da conservação ambiental. "Por seu tamanho minúsculo, outras espécies deste grupo estão ameaçadas de extinção. É fácil pisar neles durante uma caminhada ou escalada, por exemplo. Portanto, há de conscientizar a todos da importância da preservação do meio ambiente", lembra. Outras duas novas espécies foram também descobertas por Ribeiro, porém, ainda estão em fase de descrição.

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