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Brasília - Na semana em que sacerdotes brasileiros discutem a pedofilia, o bispo emérito de Blu­menau (SC), dom Angélico Sândalo Bernardino, disse ontem que é preciso distinguir casos de abusos contra crianças dos cometidos contra adolescentes. O bispo fez o comentário após ser questionado sobre a declaração do arcebispo de Porto Alegre (RS), dom Dadeus Grings, segundo o qual "a sociedade atual é pedófila". A afirmação provocou polêmica no primeiro dia da 48.ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), realizada em Brasília.

"Acredito que o meu ilustre colega quis dizer que estamos vivendo num ambiente saturado de uma certa permissividade", afirmou dom Angélico. Ele ressal­tou, em entrevista coletiva, que há uma "confusão generalizada" entre pedofilia e efebofilia (atração sexual por adolescentes). "Tocar numa criança é diferente de tocar num adolescente. Eu não quero dizer que se deva tocar num adolescente, mas é diferente. E essa distinção comumente não é feita", afirmou.

Ao justificar que a criança é "sagrada, intocável", o religioso lembrou trechos bíblicos. "Eu sempre digo, e Jesus dizia: quem escandaliza um pequenino, melhor seria amarrar uma pedra ao pescoço e atirar-se no fundo do mar", declarou. O bispo acredita que a gravidade dos dois casos é diferente. "O próprio Esta­tuto [da Criança e do Adoles­cente] faz diferença, então, vamos fazer diferença: uma coisa é pedofilia, outra coisa é efebofilia", completou.

Quando falou sobre pedofilia, dom Dadeus Grings argumentou que só 0,2% dos crimes foram cometidos por membros da Igreja Católica, mas a im­­prensa ignora os outros 99,8%. Os escândalos sexuais estão entre os temas do evento que reúne mais de 300 bispos e religiosos até o dia 13. No Brasil, escândalos atingiram recentemente padres em Franca (SP) e Arapiraca.

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