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Recife - Não há quem não os ame. Eles fazem parte da alma do carnaval de Pernambuco. Hinos e músicas famosas de suas agremiações são cantadas a pleno pulmão por foliões que lotam os polos da festa no Recife e em Olinda. São os blocos de pau e corda, conhecidos como blocos líricos. Hoje (15) eles foram os donos do carnaval recifense, cheios de encanto e poesia, com homenagem especial para o Bloco das Flores, fundado em 1920.

A homenagem chegou a gerar certa controvérsia porque a agremiação saiu do ar em 1937, quando morreu Pedro Salgado, um dos seus fundadores. Os mais antigos em atividade são o Madeira do Rosarinho e o Batutas de São José, de 1932. O Bloco das Flores retornou no carnaval de 2000, reativado por um grupo de amantes da agremiação, à frente sua presidente Jane Emirce de Melo. Feliz, antes de botar o bloco na rua, com suas fantasias inspiradas nos anos 20, ela justificou inteiramente a deferência ao bloco: "O Bloco das Flores foi o primeiro, ele revolucionou um tempo, um ritmo, até então a mulher não brincava na rua", lembrou.

Até o surgimento dos blocos líricos - ou blocos de pau e corda - o carnaval de rua era muito violento. Eles nasceram para que a elite e as famílias pudessem participar, com músicas românticas e inspirados no pastoril. São suas características o coral feminino, a orquestra de pau e corda - com instrumentos de corda e sopro - que executam os frevos de bloco, românticos, saudosistas ou que exaltam a cidade, e em ritmo mais compassado. As evoluções são mais suaves, sem o frenesi e os pulos do frevo de rua. À frente, o abre alas carrega o flabelo, diferente do porta estandarte.

Jane reforça ainda que o bloco homenageado e os seus fundadores são verdadeiros mitos do carnaval e estão na história através de composições como Evocação Número 1, de Capiba - "Felinto, Pedro Saldado, Guilherme Fenelon, cadê seus blocos saudosos? Bloco das Flores, Pirilampos, Andaluzas, Apois Fum, dos carnavais passados .."

O Bloco da Saudade, com seu hino Valores do Passado, de Edgard Moraes, foi o responsável por resgatar a tradição dos blocos de pau e corda, em 1974, depois de um período de decadência deste tipo de agremiação. Penúltimo a desfilar, o Bloco da Saudade escolheu para este ano o tema da azulejaria portuguesa, levando através desta arte, a história brasileira e pernambucana às 150 fantasias dos seus componentes.

A previsão era de participação de cerca de 20 blocos líricos, que saíram desfilando um após o outro, até chegar ao palco do Marco Zero, onde toda sua beleza e melodia poderiam ser apreciados até às 23 horas. No roteiro pelas ruas, em meio à multidão que lota as ruas do Recife Antigo, os blocos ficam sem espaço e muita gente não consegue ver os seus detalhes.

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