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A liberação dos bloqueios que prendiam desde quarta-feira quase 200 caminhoneiros na BR-158 e na MT-242, em Posto da Mata (distrito de Alto Boa Vista, nordeste de Mato Grosso), era, na verdade, uma armadilha para os motoristas.

A interrupção da rodovia por posseiros começou uma semana antes, mas as pistas foram liberadas momentaneamente algumas vezes.

Durante a madrugada de hoje, uma ponte de madeira na rodovia que segue em direção a Cuiabá foi serrada e queimada. Quando um caminhão com 26 mil quilos de carne passava, a ponte quebrou.

O motorista não se feriu, mas o caminhão ficou preso e tem risco de tombar.Os caminhoneiros acusam os posseiros. Um caminhoneiro que carrega gado foi informado por eles de que a ponte estava imprestável e não seguiu viagem.Os manifestantes protestam contra o cumprimento de uma decisão da Justiça Federal que determinou a saída dos posseiros da terra indígena Marãiwatsédé, de 165 mil hectares. Grandes proprietários começaram a ser despejados no início da semana.

Segundo a Funai (Fundação Nacional do Índio), a força-tarefa federal que retira os posseiros da região percorreu 13 grandes fazendas até amanhã. A partir da próxima semana, os pequenos posseiros devem começar a ser despejados.

Em assembleia na tarde de ontem, as lideranças decidiram abrir os bloqueios no mesmo dia. Mas os manifestantes se recusaram, afirmando que só liberariam os caminhoneiros às 6h de hoje.

Uma hora mais cedo que o previsto, uma das carcaças de carro que fechavam a pista de barro já havia sido removida para que os caminhões seguissem.

Mas o comboio só conseguiu rodar mais 25 quilômetros. Segundo os caminhoneiros, cinco caminhões vazios conseguiram passar por cima da ponte. O primeiro veículo carregado ficou preso.

"Fiquei quatro dias preso no bloqueio apoiando o povo. A partir desse momento já vejo vandalismo", disse o caminhoneiro Waldenir Willers, que levava carne do frigorífico JBS, em Confresa (a 153 km de Alto Boa Vista), para o porto de Santos (SP).

Os motoristas estão presos numa área isolada onde não há sinal de telefone nem comida. A única água é a do riacho que passa sob a ponte.

Alguns caminhoneiros estão com crianças. Sérgio Wilczak, 30, está com a mulher e com dois filhos, um de oito anos e outra de dez meses. "Não temos nada a ver com a briga deles e estamos pagando", afirmou Wilczak.

Por volta das 7h30, os motoristas tentavam improvisar uma rampa para tentar retirar o caminhão.

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