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Anúncio de bolão: Caixa diz que prática não é autorizada, mas proprietários afirmam que fiscalização é tolerante | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Anúncio de bolão: Caixa diz que prática não é autorizada, mas proprietários afirmam que fiscalização é tolerante| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo
  • Você participaria de um bolão depois do que ocorreu em Novo Hamburgo

A história do grupo de pelo menos 35 moradores de Novo Hamburgo (RS) que participou de um bolão organizado por uma lotérica, acertou as seis dezenas da Mega-Sena do sábado passado, mas não recebeu o dinheiro porque a aposta não foi realizada alertou muitos apostadores para a insegurança desse tipo de jogo. Muitas vezes, o jogador que opta por entrar em bolão realizado por uma casa lotérica não tem 100% de garantia de que a aposta foi efetuada. O máximo que ele pode receber é uma fotocópia do comprovante de jogo.

Como as apostas de um bolão envolvem valores altos, de até R$ 15 mil, os comprovantes emitidos pela máquina são guardados em cofre e só saem de lá de­­pois do resultado do sorteio, explicam os donos de casas lotéricas ouvidos pela reportagem. Não adianta pedir: o apostador não vai ver o original. Quando a combinação tem poucos números, o apostador recebe a fotocópia do comprovante – sem qualquer validade para a retirada do prêmio. Além disso, ela pode ser facilmente adulterada com um scanner e um computador.

No caso de uma combinação com vários números, o apostador não recebe nem a cópia do comprovante de jogo. "É impossível para nós apresentar cópias de todos os comprovantes quando as apostas do bolão envolvem centenas de números", justifica o dono de lotérica Jefferson Luís Quesada, 48 anos. Nesses casos, é entregue um recibo confeccionado pela própria lotérica.

Como várias lotéricas não têm dinheiro no caixa para fazer este tipo de jogo, é comum que se vendam os bilhetes do bolão antes de a aposta ser feita. "Há casos em que o dono deixou a tarefa para um funcionário que se esqueceu. Mas fazer isso de ma-fé, já acho difícil. O proprietário vai embolsar R$ 10 mil, mas vai colocar em risco sua lotérica, que vale pelo me­­nos R$ 300 mil", pondera a dona de lotérica Maria Teresa de Almeida, 53 anos.

A Caixa Econômica Federal, responsável pelas loterias, não autoriza a realização de bolões por lotéricas e informa que a prática está sujeita a punição – aviso desconhecido por donos de lotérica. "Os consultores da Caixa reforçam que temos de ser responsáveis com o bolão e nada mais", conta Maria Teresa.

O comprovante emitido pela máquina é o único válido para a retirada do prêmio e deve conter o nome do jogo, o número do bilhete, as dezenas escolhidas, o código da lotérica e do terminal, o número do concurso, a data do sorteio, o valor da aposta e o código de barras.

Investigação

A Polícia Civil está investigando a suspeita de crime de estelionato contra o dono da casa lotérica Esquina da Sorte, onde foi realizado o bolão irregular, e já começou a ouvir os apostadores. A Caixa também está investigando o caso. Até o fim da apuração da empresa, a lotérica suspeita permanece impedida de realizar apostas.

O advogado Marcelo Luciano da Rocha, que representa 17 apostadores, diz que vai pedir o bloqueio do prêmio de R$ 53 milhões à Justiça Federal e entrar com uma ação contra a lotérica e a Caixa exigindo ressarcimento. "A Caixa tenta se eximir porque não reconhece bolões, mas é uma prática de anos", contesta.

O grupo de apostadores de Nova Hamburgo entrou em um bolão de 15 diferentes jo­­gos. Os bilhetes foram vendidos por R$ 11 e 40 pessoas po­­diam participar. Um dos jogos prometidos pela lotérica continha as dezenas sorteadas neste sábado. No entanto, as apostas não foram realizadas. A lotérica alega que houve erro na transcrição dos números para os volantes efetivamente apostados ou da gráfica que imprimiu o comprovante informal entregue aos jogadores.

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