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Manifestante na frente do QG do Exército, em Brasília
Manifestante na frente do QG do Exército, em Brasília| Foto: André Borges/EFE

O presidente Jair Bolsonaro (PL) fez uma transmissão ao vivo no YouTube nesta sexta-feira (30) para prestar contas da sua gestão e comentar o atual momento político do país. A live, que quebrou um longo período de silêncio de Bolsonaro, foi mal recebida por grande parte de seus apoiadores, mas também ganhou declarações em tom de agradecimento.

Em mensagens a que a Gazeta do Povo teve acesso de grupos de WhatsApp que reúnem apoiadores e personalidades próximas ao presidente, a reação foi majoritariamente negativa. Em um deles, uma figura política de alto escalão afirmou pelo app: “Estamos desesperados! Seremos cassados, caçados e presos!”. Outras mensagens enviadas nestes grupos durante a live dão o tom da repercussão:

  • “Se for pra ter um líder desse, melhor nem ter.”
  • “Que ânimo um cara desses dá?”
  • “Está visivelmente acabado.”
  • “Bolsonaro foi colocado pelos petistas para arrasar com tudo.”
  • “Ele tira completamente a esperança do povo. Se o Haddad tivesse ganhado em 2018, seria melhor.”
  • “Ele segue falando dos problemas como se não tivesse parte nem pudesse fazer nada. Como se fosse um mero comentarista político.”
  • “De todos os fins possíveis, Bolsonaro nos deu o pior.”

Na transmissão, Bolsonaro defendeu o legado de seu governo, que, segundo ele, teve “um saldo bastante positivo, em que pesem os problemas que tivemos”.

O presidente também deu um recado aos manifestantes que acamparam em quartéis-generais para protestar contra a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT): “Creio no patriotismo, na inteligência, na garra de vocês. Sei o que vocês passaram ao longo desses dois meses de protestos, com sol, chuva. Isso não vai ficar perdido. Imagens foram para fora do Brasil. Aqui dentro despertou milhões de pessoas a estudarem por que tivemos essas manifestações. O pessoal passou a entender o que tem a perder, o que é a política brasileira”, disse.

No Twitter, algumas reações às falas do presidente entre figuras da direita também tiveram um tom de decepção:

“Eu apoiava o Bolsonaro até o momento em que ele deixou famílias embaixo da chuva durante dois meses mesmo sabendo ser inviável qualquer manobra política para reverter as eleições. Mas, em retrospectiva, ele nunca foi um líder. Não seria agora que viraria. Foi, na verdade, uma figura extremamente carismática, honesta e criada no tsunami do terremoto que foi o acesso à informação na internet. Não posso imaginar o que ele tenha passado sendo arremessado ao cargo, quase que contra sua vontade, sem a competência necessária”, disse a advogada Débora Luciano.

Ernesto Araújo, ex-ministro das Relações Exteriores, disse que “acabou a chance de devolver as instituições ao povo, de subordinar o Estado à Nação”. “Virá agora o ataque furioso do corruptariado (todo o aparato estatal, elite política, mídia, capitalismo de laços e o tripé Crime-Clima-China) para destruir a alma e tiranizar o corpo da Nação. O povo está sozinho. E sua única esperança é justamente assumir a solidão, essa estranha solidão de 214 milhões contra algumas dezenas de espertos, omissos e criminosos, para que das profundezas do desalento possamos extrair um novo sentido de vida e luta”, afirmou.

O influenciador católico Bernardo Küster demonstrou pessimismo em relação à política como caminho para transformação: “A bigorna da realidade chegou e está causando, infelizmente, muito desespero na população, que foi em grande parte enganada foi vendedores de ilusões (tic-tac, 72 horas, Diário Oficial e áudios de Zap). Foco na lucidez, estudo, família e Deus. Não dê suas energias a políticos.”

Paulo Eneas, editor do site conservador Crítica Nacional, disse que “a única preocupação de Bolsonaro após o segundo turno das eleições era procurar uma narrativa conveniente para preservar seu capital político-eleitoral”. A jornalista Fernanda Salles, popular entre apoiadores de Bolsonaro, disse: “Fomos completamente abandonados!”

A deputada federal reeleita Bia Kicis (PL-DF) tuitou: “O sistema é perverso. Agora precisamos de resiliência. Vamos lembrar dos ensinamentos: tempos fáceis fazem homens fracos, homens fracos fazem tempos difíceis, tempos difíceis fazem homens fortes.”

Apoiadores também fazem declarações em tom de agradecimento a Bolsonaro

Apesar das críticas e do tom pessimista de alguns direitistas, outras personalidades da direita preferiram usar o Twitter para agradecer ao presidente.

A ex-ministra Damares Alves, afirmou que Bolsonaro “entra para a história como o homem que ressuscitou em nós o amor pela Pátria”. “Ele deixa um legado para gerações e formou líderes que estão prontos para dar continuidade a sua luta. Obrigada por tudo, presidente! Que Deus o abençoe. Juntos sempre!”

Para Bárbara Destefani, do canal Te Atualizei, a live de Bolsonaro não dá motivos para pessimismo. “O Brasil não acaba em 1° de janeiro. Ficar com raiva é esperado, até humano. Mas eu sou grata ao presidente e tudo que ele simbolizou. Não é o fim do livro, eu vejo como o início de um novo capítulo. Eu sei que não é hora para ser otimista, mas aos que desistiram: me incluam fora dessa.”

Para o influenciador Kim Paim, durante a live, Bolsonaro “deu a direção, falou sobre a necessidade de obter consensos e formar maioria” e “deixou claro as dificuldades e falta de apoio”. “Creio que ele fez de tudo o que podia. Também fez questão de ressaltar que o Brasil não acaba dia 1⁰”, comentou.

A deputada federal reeleita Carol De Toni (PL-SC) agradeceu a Bolsonaro e disse: “Por mais que seja difícil aceitar a atual conjuntura, a direita precisa de união e força para enfrentar o que vem pela frente. Não vamos desistir do Brasil.” Já o deputado federal eleito Nikolas Ferreira (PL-MG) não fez comentários sobre a live e se limitou a agradecer: “Obrigado, @jairbolsonaro”.

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