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País tem menor gasto por estudante na educação infantil

Ainda que o Brasil tenha avançado, o gasto anual por aluno está aquém da média da OCDE. Na educação infantil, em 2009, eram investidos em média US$ 1.696, o menor valor entre as nações (a OCDE registra US$ 6.426). A média não foi alcançada também no ensino fundamental e no médio. "O Brasil fez um esforço aumentando o porcentual do PIB na educação. Mas ainda é chocante que o país gaste quatro vezes menos que a média da OCDE com o aluno matriculado na educação infantil", diz Paula Louzano, da Faculdade de Educação da USP.

De acordo com Mercadante, na educação infantil já houve um aumento no investimento por aluno. Em 2002, eram R$ 1.491. Oito anos depois, R$ 2.942. "Para competirmos com os países mais ricos, temos de continuar crescendo economicamente e investindo em educação", diz Mercadante, lembrando que o Congresso precisa definir de onde virá o recurso para que o Brasil aplique 10% do PIB na educação.

Mesmo tendo aumentado o investimento público com educação na última década, o Brasil ainda não conseguiu fazer com que muitos jovens cheguem às universidades e concluam o ensino superior. Relatório da Organização para a Cooperação e o De­­sen­­volvimento Econômico (OCDE) aponta que, no país, 9% das pessoas entre 55 e 64 anos concluíram essa etapa. Na faixa etária dos 25 aos 34 anos, o porcentual não passa dos 12%. Um avanço, segundo especialistas, pequeno entre uma geração e outra. A Coreia do Sul, por exemplo, que tinha 13% da população entre 55 e 64 anos com ensino superior, deu um salto: 65% entre 25 e 34 anos concluíram um curso universitário.

Em um grupo de 29 países, o Brasil ocupa o 23.º lugar no ranking de investimentos no ensino superior. O estudo mostra que foi investido em média 0,8% do Produto Interno Bruto (PIB) nessa etapa. A pesquisa analisou 42 países, mas nem todos apresentaram dados sobre os aspectos detalhados pela organização, daí o fato de o número de nações analisadas ser maior ou menor em determinados itens.

"O levantamento mostra o fracasso do ensino superior do país. Por aqui, ir para a universidade é parte do posicionamento para melhorar a carreira. Com o Enem e com as cotas, nós vamos aumentar o número de pessoas que concluem essa etapa. A expansão da rede federal e do Prouni também vai contribuir", diz Daniel Cara, coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, lembrando que é preciso que haja educação de qualidade. "O desafio é criar políticas para que quem ingresse possa concluir o curso."

Governo

Ministro da Educação, Aloizio Mercadante diz que o relatório da OCDE ainda não reflete as mudanças pelas quais o país vem passando. Segundo ele, na faixa dos 18 aos 24 anos, 17% estão nas universidades ou já concluíram os cursos. Além disso, em uma década, entre 2000 e 2010, o número de matrículas cresceu: foram de 2,7 milhões para 6,4 milhões. "Tivemos duas décadas de estagnação econômica, quando não houve expansão da rede. Agora, o número cresce porque tivemos três programas para expandir o ensino superior: o Prouni, o Fies e o Reuni", afirma Mercadante.

Segundo o relatório, entre os 42 países, o Brasil ocupa a segunda posição quando o assunto é o aumento do porcentual do PIB gasto com educação: saltou de 3,5 % para 5,5%, entre 2000 e 2009. No entanto, ainda está longe da Islândia, que aplica 8,1%, e da média da OCDE, 6,2%. "Cálculos já mostraram a necessidade de 10% do PIB. Países que tinham uma dívida histórica com a educação, assim como nós, conseguiram avançar aplicando 10% ou mais. A Coreia chegou a 12%, o Japão numa época gastou 60% do Orçamento em educação", diz Daniel Cara.

Diretora-executiva do Todos pela Educação, Priscila Cruz alerta que só mais dinheiro não fará a mudança necessária. "Não adianta colocar 12% ou até 15% do PIB se não houver uma reforma estrutural, se a formação de professores não for voltada para a prática em sala de aula, se o país não tiver um currículo mínimo."

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