• Carregando...
FAO teme que manejo sustentável seja substituído por exploração ilegal da madeira, como em Tailândia, no Pará | Paulo Santos/Reuters
FAO teme que manejo sustentável seja substituído por exploração ilegal da madeira, como em Tailândia, no Pará| Foto: Paulo Santos/Reuters

Genebra - O Brasil registrou a maior perda absoluta de floresta no mundo entre 2000 e 2005 – e 42% de hectares de mata cortada no planeta nesses anos ocorreu dentro do território nacional. A conclusão é da FAO, órgão da ONU para a agricultura. Um estudo divulgado ontem destaca que os lucros com a expansão da agricultura e do etanol continuarão a predominar nos próximos anos sobre a tentativa de frear o desmatamento, e afirma que toda a América do Sul continuará a perder sua cobertura florestal.

No mundo, a FAO alerta que a crise internacional deve aumentar a vulnerabilidade das florestas e secar os financiamentos para projetos ambientais. Entre 2000 e 2005, 200 quilômetros quadrados de florestas foram perdidos no mundo a cada dia e o temor é de que os investimentos em manejo sustentável sejam substituídos por uma exploração ilegal de madeira.

Segundo a FAO, o Brasil perdeu 3,1 milhões de hectares de florestas por ano entre 2000 e 2005. Isso significou uma redução de 0,6% na cobertura florestal a cada ano. De acordo com o levantamento, o país observou uma aceleração no desmatamento em comparação com o período entre 1995 e 2000. Naqueles anos, a perda de floresta foi de 2,6 milhões de hectares por ano, 0,5% da cobertura.

No mundo, a perda florestal chegou a 7,3 milhões de hectares por ano, 200 quilômetros quadrados por dia. Isso representou 0,18% do território por ano. O ritmo de desmatamento no Brasil, portanto, foi seis vezes superior à média mundial. O crescimento das exportações de grande escala de soja, biocombustíveis e carnes é considerado pela entidade como "responsável pela grande parte do desmatamento da região".

A perspectiva de explorar o biocombustível a partir da celulose nos próximos anos também poderá ser mais um fator de pressão "sem precedentes" sobre as florestas.

O levantamento feito pela entidade destacou que 75% do desmatamento na América do Sul ocorreu no Brasil. Na região, 4,2 milhões de hectares de mata foram perdidos entre 2000 e 2005. Em comparação a outros países, o Brasil lidera amplamente com a maior área desmatada no planeta, mesmo que seu território ainda esteja coberto por floresta em 57,2%.

Previsão

O que mais preocupa a FAO é que o padrão dificilmente mudará no Brasil. A demanda mundial por produtos agrícolas e pelo etanol irá colocar uma pressão extra sobre a floresta nas próximas décadas. "O ritmo de desmatamento na América do Sul não deve cair no futuro próximo", alertou. Outro fator de pressão é a dependência da região nas exportações, principalmente para a Ásia.

Segundo a FAO, os altos preços de alimentos no mercado mundial e a alta nos valores dos combustíveis devem continuar a pressionar a floresta e o desmatamento deve ocorrer para abrir lugar para a produção agrícola e do etanol para que a demanda mundial seja atendida. De acordo com o estudo, portanto, o manejo sustentável da floresta continuará a ser um desafio.

Para a entidade, o desafio na região será o de encontrar um equilíbrio entre a expansão dos lucros e a conservação. Mas, no curto prazo, a FAO admite que os interesses por ganhos imediatos devem predominar e a expansão da produção de alimentos e de etanol ainda irá se sobrepor à conservação. Segundo a FAO, a América do Sul continuará a perder floresta para a agricultura e pecuária. "Será extremamente difícil desacelerar o ritmo (de desmatamento)", afirmou o estudo.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]