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Na edição deste ano, pesquisa de campo se realiza até sexta-feira em Antonina | Fotos: Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Na edição deste ano, pesquisa de campo se realiza até sexta-feira em Antonina| Foto: Fotos: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Champions"

Iniciativa começou em 2007

O HSBC Climate Partnership foi lançado em 2007 em âmbito mundial. Dividido em quatro linhas estratégicas de atuação, o projeto prevê a preservação de fontes de água doce, redução das emissões de gases do efeito estufa nas grandes metrópoles mundiais, pesquisas sobre biodiversidade em florestas tropicais e, principalmente, engajamento para transformar a atitude individual dos colaboradores do banco.

No Brasil, o programa conta com três fases. Na primeira, os colaboradores participam de um treinamento virtual que oferece informações sobre ações em favor das causas ambientais. A segunda contempla atividades de engajamento em parceria com ONGs locais. Na terceira fase, os colaboradores são convidados a participar de uma pesquisa de campo com apoio de biólogos. Os chamados "champions" ficam em campo durante 12 dias sem contato com o mundo externo e tem a oportunidade de aprimorar os conhecimentos em meio ambiente através de pesquisas e palestras. Também fazem a classificação e separação das espécies coletadas em laboratório construído no local.

A seleção de funcionários ocorre anualmente, organizados em 10 grupos com 12 colaboradores por edição. Os cadastros passam por uma análise. "O HSBC investe em ações como esta por acreditar que os impactos das mudanças climáticas vão interferir nas suas operações em termos de gerenciamento de riscos e identificação de oportunidade de negócios", afirma a diretora do Instituto HSBC Solidariedade, Claudia Malschitzky. Com investimentos de US$ 100 milhões, engajando 312 mil colaboradores em todo mundo e com duração de cinco anos, o programa almeja combater as urgentes ameaças das mudanças climáticas inspirando ações de indivíduos, empresas e governos.

  • Os selecionados fazem a classificação e separação das espécies coletadas

A costa-riquenha Rita Jimenez, 63 anos, foi criada no campo e por causa disso acredita ter herdado a preocupação com o meio ambiente. "Minha família inteira cuida da natureza", comenta. Ela lembra com orgulho que ensinou os jovens a reciclar papel no banco onde trabalhava há dez anos. Atualmente, Rita trabalha na cafeteria do banco HSBC em seu país e continua empenhada em fazer sua parte para salvar o planeta. Na semana passada, ela desembarcou em São Paulo. A sexagenária escolheu o Brasil para participar do programa de voluntariado Climate Partnership, que pretende produzir a maior experiência de campo sobre os efeitos das mudanças climáticas em longo prazo.

O Brasil também foi o destino escolhido por dez latinos que compõem o grupo que permanece até a próxima sexta-feira no Latin America Regional Climate Center (Larcc, na sigla em inglês, e Centro Climático Regional Latino Americano, na tradução para o português), em Antonina, no litoral do Paraná. "Todos escolhem o Brasil, já decepcionamos muita gente porque não tem lugar para todo mundo", explica James Campbell responsável pelo programa que é realizado em outros cinco centros climáticos localizados na China, Índia, Inglaterra e Brasil. Desde 2008, o Larcc já recebeu e treinou cerca de 220 colaboradores do HSBC, que junto com outras quatro organizações ambientais internacionais Earthwatch, The Climate Group, WWF e Smithsonian Tropical Research Institute.

Para a mais nova do grupo, a argentina Rocio Ramirez Blanc, 24 anos, foi o intercâmbio cultural com pessoas de países latinos que estimulou a escolha pelo país vizinho. A chefe de Rocio também participou do treinamento no Paraná e foi a paixão e o entusiasmo dela que a contagiou.

Ainda de acordo com Campbell, a disposição dos voluntários de participar do programa no Brasil fez com os melhores resultados viessem de quem participou da pesquisa em Antonina. Um estudo interno mostrou que o potencial de engajamento na América Latina é o mais alto e que o poder transformador da experiência também foi maior no Brasil. Os participantes se mostraram ser mais positivos do que os que realizam pesquisa nos outros países. Eles se sentiram mais satisfeitos com os projetos que desenvolveram quando retornaram e sentem que suas ações estão fazendo a diferença. De acordo o levantamento, pelo menos 92% dos entrevistados disseram que passaram a considerar mais as questões ambientais na tomado de decisões do dia a dia, por exemplo. Outros 75% elaboraram projetos de ação e 76% mudaram a maneira de pensar sobre a vida.

"Quando as pessoas passam pelas dificuldades de uma pesquisa de campo, a vida delas nunca mais será a mesma. A vivência traz a convicção de que ela pode fazer a mudança", comenta Germano Vieira, presidente do Instituto Earthwatch no Brasil. Trabalhando no setor de planejamento de vendas, Larissa Rezende, 23 anos, participou do programa e considera que a experiência trouxe mudanças para a usa vida pessoal e profissional. A curitibana acabou mu­­dando o projeto inicial que tinha planejado para a pós em gestão de pessoal e optou por um tema voltado ao meio ambiente. Dentro do banco, tornou-se a vice-presidente do Comitê de Voluntariado Am­­biental e promoveu uma gincana social e ambiental em sua área de atuação. Marcelo Otto, 32 anos, participou da terceira turma do programa. Há 10 anos no setor de Tecnologia da Informação do HSBC, em Curitiba, ele acredita que adquiriu mais conhecimento do que esperava, o que mudou sua concepção em relação ao seu cotidiano. "Temos mais consciência sobre as pequenas coisas que podemos praticar no dia a dia", diz. Para o engenheiro ambiental, João Francisco Linhares Zeni, 25 anos, também da capital paranaense, o programa serviu para ampliar seu conhecimento através da pesquisa de campo. "Dentro do banco trabalhamos mais com gestão", explica. Para ele, o melhor da prática é saber que de alguma forma participou de um processo de pesquisa que vai resultar em mudanças significativas e que vão ajudar o mundo. "Isso é gratificante", afirma.

Estudo na Mata Atlântica

O Centro Climático da América Latina fica na Reserva Natural do Rio Cachoeira, na cidade de Antonina, no Litoral paranaense, o maior trecho contínuo de mata atlântica do país. Com aproximadamente 8,7 mil hectares, é a maior dentre as áreas mantidas pela Sociedade Pro­­tetora em Vida Selvagem e Edu­cação Ambiental. Com 200 quilômetros de trilha, possui um viveiro de mudas nativas da Floresta Atlântica, com capacidade de produção de 150 mil mudas por ano.

Pesquisas realizadas até 2003 já revelaram a presença de 810 espécies de plantas, 407 de aves e 61 de peixes, além de mamíferos ameaçados de extinção como a lontra (Lutra lon­­gicaudis), a jaguatirica (Fidelis pardalis), a paca (Agouti paca) e a onça-pintada (Panthe­ra onca). Foram ainda identificados 44 locais com presença de vestígios arqueológicos. Entre eles, sambaquis, ruínas, restos de cerâmica e ossos. É nesse cenário que os voluntários latinos do HSBC fazem medição das árvores, coletam folhas e frutos que são classificados e analisados por eles em laboratório. Assim, conseguem produzir dados sobre as mu­­danças sofridas pelas espécies diante das mudanças climáticas.

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