Por estado
Paraná perde posições nas três áreas avaliadas
Em relação ao teste Pisa anterior, os jovens do Paraná apresentaram decréscimo da nota nas três áreas de conhecimento. O mesmo ocorreu em outras unidades da federação com ensino desenvolvido, como Distrito Federal e Minas Gerais, que tiveram quedas acentuadas. Especialistas e a Secretaria de Estado da Educação consultados pela reportagem solicitaram mais tempo para avaliar os resultados.
Mesmo com o desempenho inferior em 2012, as notas do Paraná ficaram acima da média nacional. O estado registrou 391 pontos em matemática, 405 em ciências e 410 em leitura com isso, ficou em sétimo lugar no ranking dos estados, nas três áreas. Em 2009, o Paraná havia sido o quinto colocado.
Em matemática, a melhor colocação foi do Distrito Federal, com 416 pontos. Em leitura, o destaque foi o Rio Grande do Sul (433) e, em ciências, o Espírito Santo (428). (RF)
Ministro
Brasil teve "grande avanço", diz Mercadante
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, fez um balanço positivo da evolução do Brasil no Pisa, especialmente na área de Matemática. "A nossa fotografia ainda não é boa e não temos que nos acomodar com isso. Porém, o nosso filme é muito bom. Quando olhamos o filme, somos o primeiro da sala", disse.
Para ele, iniciativas como competições escolares estimulam o aumento da performance dos estudantes. "Uma das iniciativas relevantes que ajudam é a olimpíada de matemática. Isso mobiliza muito a rede, os gestores, gera muito autoestima e motivação dos estudantes. Esse é um dos instrumentos que ajudou decisivamente no salto de qualidade na década."
A diretora-executiva da ONG Todos pela Educação, Priscila Cruz, concorda que há resultados a serem comemorados. "Mas, considerando que o país tem um dos maiores PIBs do mundo, a situação deveria ser melhor. Ao aluno que está hoje na escola não interessa que o sistema estará melhor daqui a uma década", afirma.
O Brasil gasta o equivalente a US$ 26.765 por aluno, entre 6 e 15 anos, menos de um terço das despesas médias da OCDE (US$ 83.382 por estudante). (Das agências)
O principal teste mundial sobre educação básica mostra que os jovens brasileiros continuam avançando em matemática ainda que em ritmo mais lento , mas estagnaram no aprendizado de ciências e retrocederam em leitura.
Com esse desempenho, o Brasil se manteve nas últimas colocações do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) de 2012, que analisa o ensino em 64 países. Ao longo dos últimos dez anos, as notas do país evoluíram, mas num ritmo inferior ao de outros países emergentes ou menos desenvolvidos.
INFOGRÁFICO: Ranking Pisa
No teste anterior do Pisa, realizado em 2009, o Brasil tinha conquistado importante avanços, com acréscimo de 19 pontos em Leitura, 16 em Matemática e 15 em Ciências. Na edição atual, a nota em leitura regrediu dois pontos, chegando a 410, contra uma média de 497 dos países mais ricos. Em Ciências, não houve alteração: 405, para uma média de 501. A única área que teve avanço em 2012 foi matemática, com cinco pontos de acréscimo, chegando a 391.
O Pisa, realizado a cada três anos pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), mede a capacidade dos jovens de 15 anos em interpretar e resolver questões que têm relação com a vida prática nas áreas de matemática, leitura e ciências.
Análise
Para o consultor Luís Carlos de Menezes, o resultado do Brasil no Pisa não surpreende. "Muitos problemas convergem para isso. O principal é a formação do professor, burocrática, longe da escola. Ele precisa aprender com regência de turma, supervisionado por um tutor", diz ele, que é conselheiro da Abramundo, empresa que desenvolve conteúdo de ciências para o ensino fundamental.
Menezes afirma que o professor desta área tem dificuldade em decodificar o mundo em uma linguagem que motive o aluno. "Todos os dias nos deparamos com exemplos científicos, como uma televisão de LED ou uma tabela de informação nutricional. Mas o ensino é burocrático, sem prática, não só em ciências, como em outras áreas."
Em relação ao desempenho do Brasil em leitura, a doutora em Educação Araci Asinelli da Luz pondera que a escola privilegia os livros clássicos, descolados da realidade dos jovens. "A leitura feita à parte, por conta própria, não é valorizada, e assim o ensino de Língua Portuguesa fica muito operacional."
Segundo ela, que é conselheira da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em vez de ser vista como um obstáculo à leitura, a tecnologia deve se tornar aliada na construção de um diálogo entre professor e aluno.
Diferença na rede pública é de até 4 anos
Agência Estado
Os dados do Pisa 2012 indicam um abismo entre as redes pública e particular de ensino, mas também uma grande diferença no desempenho entre as escolas estaduais, municipais e federais. Com as maiores médias do país, a rede federal tem 154 pontos a mais do que a rede municipal na média geral das áreas distância equivalente a 3,8 anos escolares, uma vez que 40 pontos no Pisa equivalem a um ano de escola.
As médias da rede municipal são as menores nas três áreas avaliadas pela prova. Na sequência, aparecem as escolas estaduais, particulares e federais.
A maior diferença na rede pública ocorre em leitura: as escolas federais têm 158 pontos a mais do que o registrado pelas municipais. Em matemática e ciências, a distância entre as duas redes é de 151 e 152 pontos, respectivamente.
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