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Para reduzir os efeitos nocivos das drogas na vida de tantas famílias, o procurador-geral de Justiça do Paraná, Olympio de Sá Sotto Maior Neto, um dos idealizadores do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), defende que a dependência química precisa ser vista como uma doença. Dentro desta ótica, ele considera importante que a questão seja discutida já na escola. "Não se pode ter somente uma atuação reflexa. É preciso prevenir."

O psicólogo Flávio Roberto Almeida Lemos, presidente da Associação das Comunidades Terapêuticas de Curitiba e Região Metropolitana (Compacta), concorda que é necessário apostar mais na prevenção. Segundo ele, o Brasil conta com 2 mil comunidades terapêuticas para o tratamento de dependentes químicos, mas somente 10% do público que as procura consegue se livrar da dependência. "É utópico imaginar que seja possível recuperar alguém sem incentivo. As secretarias envolvidas com o assunto não têm dinheiro para investir em programas de prevenção, única forma de tentar amenizar o problema", ressalta. Para Lemos, prevenção não é feita por meio de cartilhas e, sim, com programas junto às famílias e à escola.

Fundador e coordenador da Casa de Recuperação Água da Vida (Cravi), localizada no bairro Barreirinha, em Curitiba, Lemos diz que o objetivo do trabalho das comunidades é reinserir o dependente químico na sociedade através de tratamentos psicológico, psicossocial e espiritual. A Cravi atende hoje cerca 70 pessoas, na maioria homens, com idade entre 18 e 30 anos e usuários de drogas. Mas a instituição também atende pacientes com faixa etária menor. Há casos de internos com 14 anos e, no ano passado, um menino de 9 anos passou por tratamento. As histórias sempre são as mesmas: a primeira experiência com a droga foi através de amigos do bairro, a família é desestruturada e está em situação de vulnerabilidade – seja por drogas, bebidas ou desemprego. "Muitas vezes esse tipo de quadro é o gatilho para que ele (o adolescente) chegue ao fundo do poço".

Omissão

Infelizmente, o drogado, e não a droga, é visto como um problema, lembra Lemos. As famílias geralmente querem que as comunidades terapêuticas resolvam o problema, mas sem a participação delas. O psicólogo conta que 75% das visitas realizadas no programa são de mães. Os pais, normalmente, se omitem. Em relação a crianças e adolescentes, o quadro é ainda pior. Muitas vezes, é preciso que seja pedido à assistente social para que os pais – através de ordem judicial – venham buscar os filhos no período de visitas.

O psicólogo diz que os filhos de usuários de drogas não repetem os passos dos pais, necessariamente. Isso depende do modelo de identificação familiar. Já os jovens que fazem uso de entorpecentes apresentam tendência a se tornarem adultos retraídos ou violentos. (AP)

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