A Fundação Nacional do Índio (Funai) informou neste sábado (1º) que o governo do Brasil se ofereceu para apoiar, inclusive com recursos logísticos, o governo da Venezuela na investigação de um suposto massacre de índios ianomâmis por garimpeiros brasileiros.
O ataque teria acontecido em julho, na aldeia Irotatheri, localizada na cabeceira do rio Ocamo, em território venezuelano.
Garimpeiros brasileiros cercaram a casa coletiva dos índios e dispararam com armas de fogo contra eles, segundo um comunicado enviado a ONGs do Brasil pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia, da Venezuela. Não há uma estimativa do número de mortos.
A aldeia fica a quatro dias de caminhada da aldeia brasileira de Okiolo, no rio Auaris, extremo noroeste de Roraima.
Na sexta-feira (31), a presidente da Funai, Marta Maria Azevedo, se reuniu com o subsecretário-geral da América do Sul do Itamaraty, embaixador Antonio Simões, e com o embaixador da Venezuela no Brasil, Maximilien Arvelaiz.
Azevedo disse que o "incidente grave" foi comunicado na terça-feira (28) pelas ONGs brasileiras Hutukara Associação Yanomami, sediada em Roraima, e Instituto Socioambiental (ISA), de São Paulo.
Ela disse que autoridades venezuelanas estão mobilizadas para investigar a denúncia e que o Brasil indicou a disposição em apoiar os esforços da Venezuela. "No que for possível, inclusive com apoio logístico na região, caso seja julgado útil pelo governo venezuelano", afirmou por meio de nota a presidente da Funai.
Uma missão está sendo organizada para ir até o território indígena e ouvir os sobreviventes do conflito. "Essa visita in loco é para trazer informações precisas de um fato grave", disse Carlos Travassos, chefe da Coordenação de Índios Isolados e de Recente Contato da Funai.
Ele disse que, em Boa Vista (RR), já existe uma equipe da coordenação de prontidão para participar, junto com autoridades venezuelanas, da viagem até a aldeia Irotatheri, provavelmente na semana que vem. O acesso ao local do conflito só é possível de helicóptero.
Travassos, que mantém conversas com os ianomâmis, disse que existe um sentimento de trauma. Em 2013, serão completados 20 anos da homologação da terra indígena e do massacre de Haximu, conflito com garimpeiros brasileiros no qual morreram 16 índios na Venezuela.
"É a retomada de um fato traumático, algo inadmissível de acontecer novamente", afirmou Carlos Travassos.
Do lado brasileiro, a terra indígena ianomâmi tem 9,4 milhões de hectares e está localizada na faixa de fronteira dos Estados de Roraima e Amazonas, onde vivem cerca de 20 mil índios, segundo a Funai.
Em território venezuelano, a reserva soma 8,2 milhões de hectares, onde vivem 15 mil ianomâmis. A área está invadida por cerca de 7.000 garimpeiros, a maioria brasileiros.
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