Brasília O Brasil registrou, entre 2001 e 2005, um pequeno aumento no número de dependentes de bebidas alcoólicas e de tabaco. Além disso, cresceu o consumo de alguns tipos de medicamentos, principalmente drogas para emagrecer. O país já é apontado por organismos internacionais como o maior consumidor desse tipo de remédio, segundo o "Levantamento Domiciliar sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil", divulgado ontem.
De acordo com o estudo, o número de usuários de estimulante (redutor do apetite) dobrou no país entre 2001 e 2005, pulando de 1,5% para 3% da população brasileira na faixa etária entre 12 e 65 anos.
O levantamento mostra ainda que o índice de dependentes de álcool passou de 11,2% para 12,3% no período, o que representa cerca de 5,799 milhões de brasileiros com idade entre 12 e 65 anos. Já os dependentes de tabaco subiram de 9% para 10,1% 4,7 milhões de pessoas. A maconha aparece em terceiro lugar, com 1,4% de dependentes. Em relação ao álcool, a preocupação é o consumo cada vez mais precoce.
Foram entrevistadas 7.939 pessoas de agosto a dezembro de 2005 em cidades com mais de 200 mil habitantes.
A pesquisa, feita pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), aponta que, ao excluir álcool e tabaco, houve também crescimento dos que dizem ter consumido algum tipo de droga pelo menos uma vez na vida. Sobe de 19,4% para 22,8%.
Está próximo do índice no Chile, de 23,4%, e é quase metade do registrado nos Estados Unidos 45,8%. Entre as regiões brasileiras, a maior porcentagem aparece no Nordeste, onde 27,6% disseram ter feito uso de alguma droga, exceto tabaco e álcool. O Norte aparece com o menor número, 14,4%.
Estimulantes
De sete drogas mais apontadas por aqueles que já fizeram uso pelo menos uma vez na vida, apenas a maconha é ilícita. Nas outras posições estão estimulantes e tranqüilizantes, ambos usados para emagrecer e que tiveram as maiores altas no consumo. Depois vêm remédios para estimular o apetite.
O porcentual de brasileiros que disseram ter tomado tranqüilizante (benzodiazepínico) subiu de 3,3% para 5,6%. Entre mulheres, o consumo é ainda maior 6,9%.
É seguido pelos remédios para estimular o apetite, para os quais não há nenhum tipo de controle para a venda 4,1% afirmaram no ano passado ter consumido pelo menos uma vez. Já os estimulantes passaram de 1,5% para 3,2%. Também apresentam maior uso entre mulheres, com 4,5%.
"Alguns médicos saem da ética médica e prescrevem essas drogas por razões estéticas, não por razões médicas", afirma o professor Elisaldo Carlini, diretor do Cebrid. "Além de ter de se manter magra, há um padrão de que a mulher não pode ser histérica", brinca ele.
Já o secretário nacional Antidrogas, Paulo Roberto Uchôa, diz que o país vem procurando intensificar, além da apreensão de drogas, os programas educativos, inclusive voltados a crianças. "Queremos uma redução da demanda não pela repressão, mas pela educação."
Justiça suspende norma do CFM que proíbe uso de cloreto de potássio em aborto
Relatório americano expõe falta de transparência e escala da censura no Brasil
STF estabalece regras para cadastro sobre condenados por crimes sexuais contra crianças
Órgão do TSE criado para monitorar redes sociais deu suporte a decisões para derrubar perfis
Deixe sua opinião