• Carregando...
Antes de chegar ao mercado, os genéricos passam por testes para ter sua eficácia comprovada. Eles são 20% dos medicamentos consumidos no Brasil. | Elza Fiuza/ABr
Antes de chegar ao mercado, os genéricos passam por testes para ter sua eficácia comprovada. Eles são 20% dos medicamentos consumidos no Brasil.| Foto: Elza Fiuza/ABr

Pacientes têm 2,6 mil opções

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sabe exatamente quantos e quais são os medicamentos genéricos usados no Brasil: 2.609 até 31 de janeiro. Já sobre os demais não existe controle tão rigoroso. A Anvisa estima em 18 mil o número de remédios à venda no país, dos quais 70% seriam similares. A média de registro de novos genéricos, que era de 25 por mês até o ano passado, chegou a 37 só na primeira quinzena de janeiro deste ano.

Por lei, o genérico só pode chegar ao consumidor depois de passar por testes de bioequivalência realizados em seres humanos, para garantir a absorção na mesma concentração e velocidade que os medicamentos de referência, e testes de equivalência farmacêutica, para assegurar que a composição do produto é idêntica ao do medicamento de marca que lhe deu origem. Por isso, podem substituir os medicamentos de referência indicados nas prescrições médicas.

Para a Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos, o preço no mínimo 35% menor do que os medicamentos de marca colaboram para que muitos brasileiros, que não estavam se medicando ou que tinham dificuldade de dar continuidade a tratamentos, encontrem uma alternativa viável e segura para seguir as prescrições médicas corretamente.

Em seu site (www.progenericos.org.br), a associação informa que a Anvisa já tem registrados genéricos de mais de 300 princípios ativos, totalizando mais de 11 mil apresentações e aproximadamente 100 classes terapêuticas.

Dois em cada dez remédios consumidos no Brasil são genéricos – têm o mesmo princípio ativo e preço mais baixo que os medicamentos de marca. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tem registrado o aumento na oferta desses produtos desde que entrou em vigor a lei dos genéricos, que ontem fez 10 anos. Mas admite o desconhecimento e a resistência por parte da população na hora de abrir mão do medicamento de referência pelo mais barato, embora o Ministério da Saúde garanta a eficácia. Por ser uma cópia, ele deve ser pelo menos 35% mais barato, pois o fabricante tem isenção tributária, não precisa investir em pesquisa nem gastar com propaganda para mostrar suas capacidades terapêuticas.

Os consumidores que costumam fazer a troca não só sentem a diferença no bolso como mexem com a indústria farmacêutica. Segundo estudo da Pró Genéricos (Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos), entre junho de 2001 e junho de 2008 os brasileiros economizaram R$ 8,8 bilhões com o uso desses medicamentos, tomando-se como base de cálculo a diferença de preço entre o genérico e o de referência correspondente. Nos Estados Unidos, por exemplo, onde os genéricos são comercializados há três décadas, eles representam 50% do mercado farmacêutico.

Em entrevista à Agência Brasil, o diretor-presidente da Anvisa, Dirceu Raposo, atribui a prevalência das marcas sobre os genéricos no Brasil a uma questão "meramente educacional". Ele cobra maior esforço dos médicos ao prescrever o remédio e dos farmacêuticos para falar durante o atendimento sobre a disponibilidade do mais barato. "É importantíssimo que o médico, ao prescrever, deixe claro que qualquer um desses dois tipos de medicamento pode atender à necessidade de tratamento. Para que o paciente saiba que tem à disposição medicamentos com a mesma qualidade, eficácia e segurança que o de marca, que, na maioria das vezes, custa mais caro."

A resistência de médicos brasileiros em prescrever diretamente o medicamento mais barato já foi bem maior no início de vigência da Lei 9.787, de 10 de fevereiro de 1999, que dispõe sobre os genéricos. A Anvisa adverte que o médico, ao prescrever medicamentos, pode proibir a substituição do remédio de marca. Mas a proibição só é válida caso haja o aviso por escrito na receita médica. "Está previsto na lei que o farmacêutico pode fazer a substituição do medicamento prescrito pelo genérico correspondente. É importante que a população aprenda e se acostume a procurar o farmacêutico. Toda farmácia tem que ter farmacêutico à disposição", diz.

No Paraná, 95% das farmácias têm farmacêutico, o melhor índice do país. Na avaliação do vice-presidente do Conselho Regional de Farmácia, Dennis Armando Bertolini, a substituição de um remédio por outro depende mais da confiança nos genéricos do que propriamente da indicação do farmacêutico. Hoje o consumidor tem dúvidas entre o medicamento de referência, o similar e o genérico. Para Bertolini, essa confiança deve aumentar a partir de 2014, quando todos os similares terão de se transformar em genéricos.

Atualmente, 33,2% dos genéricos disponíveis no país são antitérmicos, anti-inflamatórios e antibióticos. A indústria segue num processo de evolução contínua. Primeiro produziu cópias mais simples, passando para antidepressivos e agora está preparada para fazer mais genéricos hormonais. O Ministério da Saúde garante que o genérico pode substituir o produto de marca sem prejuízos ao paciente, pois tem as mesmas características e efeitos sobre o organismo, uma vez que passa por todos os testes de qualidade e eficácia em relação ao produto inovador. Já o similar não tem essa obrigatoriedade dos testes de bioequivalência ou biodisponibilidade.

* * * * * * *

Interatividade

Você confia nos medicamentos genéricos? Costuma consumi-los?

Escreva para leitor@gazetadopovo.com.br ou deixe seu comentário no espaço abaixo.

As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]