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O universitário Jefferson Campanini Filho se mudou de  Curitiba para Maringá: “Gostei muito da cidade e não quero voltar” | Fábio Dias/Gazeta do Povo
O universitário Jefferson Campanini Filho se mudou de Curitiba para Maringá: “Gostei muito da cidade e não quero voltar”| Foto: Fábio Dias/Gazeta do Povo

EM ASCENSÃO

Cidades de porte médio crescem mais

Além dos estados em ascensão no Norte e no Nordeste do Brasil, os fluxos migratórios brasileiros estão apontando para as cidades de porte médio. Municípios com menos de 500 mil habitantes, localizados ao longo de rodovias, ganharam mais habitantes na última década do que as capitais de nove regiões metropolitanas, que anteriormente puxavam o avanço populacional. "As capitais perderam atratividade. O custo de vida é mais alto, tem violência", constata Antônio Tadeu de Oliveira, um dos organizadores da pesquisa.

Os dados do Censo 2010 apontam que as cidades de nível médio registram crescimento acima da média, engrossadas pela imigração vinda de outras regiões ou de outros municípios do mesmo estado. Apesar disso, as grandes cidades continuam concentrando parcela expressiva da população (30%). Os destaques são as regiões com arranjos produtivos. No Paraná, os exemplo são os municípios de Cianorte, polo de confecções; Toledo, com manufatura da Sadia e de outras empresas; e o eixo Maringá-Londrina, de economia diversificada e oferta de serviços.

No caso de Jefferson Leonardo Campanini Filho, as oportunidades de emprego foram essenciais para que ele deixasse a família em Curitiba para cursar direito em uma universidade de Maringá. "A cidade oferece muitas oportunidades de carreira. Tenho diversos amigos aqui. Trabalho, estudo e pago minha faculdade de Direito. Além disso, por aqui é muito mais fácil fazer amizades e networking do que na capital", diz. Campanini deixou a mãe e a irmã em Curitiba e mora sozinho em Maringá.

Voltar para a capital não está nos planos do rapaz. "Gostei muito da cidade, da receptividade das pessoas e até mesmo do clima. Por enquanto tem dado tudo certo por aqui e não quero voltar".

Megaespaço

Outro ponto de forte concentração é o chamado "megaespaço de São Paulo", com a aglomeração principal em torno de um raio de 150 quilômetros no entorno da capital paulista e de outras cinco aglomerações menores (Campinas, Jundiaí, Sorocaba, Santos e São José dos Campos). Também se destacam aglomerações urbanas ao longo da BR-101, do Espírito Santo ao Maranhão. Tais como: Camaçari (BA), Barra dos Coqueiros (SE), Ilha de Itamaracá (PE), Cabedelo (PB) e Parnamirim (RN).

Há exceções, como Ilhéus-BA (menos 17% de habitantes); Lages-SC (menos 0,15%); Uruguaiana-RS (menos 0,96%); e Foz do Iguaçu (menos 0,89%). "O que ocorreu em Foz foi que a Polícia Federal intensificou a fiscalização na fronteira com o Paraguai a partir de 2003, o que desestimulou o comércio informal", diz Sinval Dias dos Santos, chefe do IBGE no Paraná.

Colaborou Fábio Guillen, da Gazeta Maringá

A migração entre regiões perdeu força ao longo da última década, aponta levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgado ontem. Em 2004, o país tinha 2,8 milhões de habitantes que haviam se mudado de estado em algum momento dos cinco anos anteriores à pesquisa. Em 2009, ano do dado mais recente, essa parcela caiu para 2 milhões de pessoas. No Paraná, o número de migrantes também diminuiu no período. Além disso, ocorreu a reversão de uma tendência histórica: a quantidade de pessoas que vieram para o Paraná foi superior a das que se transferiram para outro estado.A publicação tem como base o Censo 2000 e as Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios (Pnads) de 2004 e 2009. Os técnicos do IBGE percebem que os tradicionais fluxos migratórios brasileiros estão perdendo intensidade. O eixo Nordeste-Sudeste enfraqueceu, efeito acumulado da melhora na qualidade de vida no Nordeste e do esgotamento da capacidade de absorção do Sudeste – principalmente na cidade de São Paulo.

De 1995 a 2000, quase um milhão de nordestinos (969 mil pessoas) saíram do Nordeste em direção ao Sudeste. De 2004 a 2009, este contingente caiu mais que pela metade, para 444 mil. Em compensação, o Amazonas se tornou um atrativo, recebendo 63 mil imigrantes em 2009 (mais que o dobro dos que foram embora no mesmo período).

Polos receptores nacionais, como os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, passaram inclusive a "exportar" migrantes. O saldo calculado no levantamento aponta que, em São Paulo, os emigrantes são 53 mil a mais do que os imigrantes. No Rio, essa diferença é de 24 mil pessoas. O Espírito Santo vai no sentido contrário. O fortalecimento da industrialização na área de minério e siderurgia nos anos 1980 foi um fator decisivo para a atração de população, depois do esvaziamento da população nos anos de 1950 e 1960. A tendência é de que o estado se consolide como atrativo de novos moradores nos próximos anos, graças à expansão do setor de petróleo.

As transferências para longas distâncias estão gradualmente sendo substituídas por deslocamentos dentro de uma mesma região, resultado da melhor distribuição da oferta de emprego. "Pode-se dizer que o país hoje se desenvolve em quase todas as áreas. Com essa mudança no modelo de desenvolvimento, os imigrantes tendem a diminuir", resume o pesquisador do IBGE Antônio Tadeu Ribeiro de Oliveira.

Retorno

O Paraná, por outro lado, se tornou um "importador" de migrantes. O saldo positivo ainda é pequeno (32 mil pessoas em 2009), classificado pelo IBGE como "área de rotatividade migratória", ou seja, com o sentido do fluxo de migração instável. Entretanto, analistas percebem uma mudança consolidada na curva demográfica do estado.

A partir dos anos 1970, o Paraná passou a ter um aumento progressivo de saída de habitantes e ao longo das duas próximas décadas o estado teria a menor taxa de crescimento do país. A partir dos anos 1990, no entanto, a expansão demográfica se acelera, mas ainda abaixo da taxa de crescimento vegetativo projetada. "Os principais mercados de trabalho do país não estavam fervilhantes como nas décadas anteriores, e o migrante não conseguia mais se inserir tão facilmente", relaciona Marisa Maga­­lhães, pesquisadora do grupo de estudos populacionais do Istitu­­to Paranaense de Desen­­volvi­­mento Econômico e Social (Ipardes).

Além do desestímulo à emigração, outro fator de importância é a migração de retorno. Mais de 23% dos que migraram para o Paraná em 2009 eram pessoas que moravam no estado e haviam se mudado para outra região. "Parte desse contingente foi para as zonas de expansão da fronteira agrícola no Centro-Oeste, para São Paulo e para Santa Catarina. Não se adaptaram e agora retornam ao estado", explica Sinval Dias dos Santos, chefe do IBGE no Paraná.

Esse é um fenômeno que ocorre de maneira semelhante em outras regiões do país que também haviam perdido população em décadas passadas. "Alguns voltam porque não conseguiram nada, outros retornam após levantar um patrimônio, pensando em montar um comércio, por exemplo", cita Marisa Magalhães, do Ipardes.

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