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O médico da família Hamilton Wagner mede a pressão da aposentada Delci Hahnn na unidade de saúde São José Passaúna, em Curitiba: uma década de acompanhamento | Fotos: Walter Alves/Gazeta do Povo
O médico da família Hamilton Wagner mede a pressão da aposentada Delci Hahnn na unidade de saúde São José Passaúna, em Curitiba: uma década de acompanhamento| Foto: Fotos: Walter Alves/Gazeta do Povo

Exemplo

Saiba como funciona o Programa Saúde da Família (PSF):

O que é

- O Ministério da Saúde criou o PSF em 1994 com o objetivo de levar a saúde para mais perto da família, substituindo o modelo tradicional. No Paraná, o programa foi implantado um ano depois, com cinco unidades. A estratégia do PSF, atualmente denominada no Paraná como Estratégia Saúde da Família, prioriza as ações de prevenção, promoção e recuperação da saúde das pessoas, de forma integral e contínua.

Como funciona

- O atendimento é prestado na unidade básica de saúde ou no domicílio pelos integrantes de uma equipe formada por médico, en­fermeiro, auxiliar de enfermagem e agentes comunitários de saúde.

Abrangência

- Aproximadamente 51,3% da população paranaense – cerca de 5,4 milhões de pessoas – é aten­dida pelo programa, superando a média nacional de 49,3%.

Aprovação

Atendimento e remédios grátis são pontos positivos

Com 52,7%, a gratuidade do SUS foi o ponto positivo mais citado pelos entrevistados na pesquisa do Ipea, seguido por atendimento sem nenhum preconceito (48%) e distribuição gratuita de medicamentos (32,8%). O levantamento destaca que o SUS existe há mais de duas décadas e representou um avanço à população antes excluída, que dependia de entidades assistenciais e filantrópicas. Em 2009, a rede pública fez 721 milhões de atendimentos ambulatoriais e 11 milhões de procedimentos de média e alta complexidade e internações, segundo dados do Ministério da Saúde.

Planos de saúde

As principais razões citadas pelos entrevistados para aderirem a planos de saúde foram: maior rapidez para consultas ou exames (40%); benefício fornecido gratuitamente pelo empregador (29,2%); e maior liberdade para escolha do médico (16,9%). Já o principal problema apontado pelos entrevistados em planos de saúde é o preço da mensalidade (39,8%), seguida pelo fato de algumas doenças ou procedimentos não serem cobertos pelo plano (35,7%).

  • Confira como os brasileiros avaliaram os serviços prestados pelo SUS

A falta de médicos é o principal problema do Sistema Único de Saúde (SUS). É o que revela a pesquisa Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS), divulgada ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O número insuficiente de profissionais foi a deficiência mais mencionada por 58,1% dos entrevistados. O tempo de espera nos postos e hospitais da rede pública ficou em segundo lugar, citado por 35,4%. Outro problema, com 33,8%, é a demora para conseguir consulta com um médico especialista.Apesar das críticas, de modo geral os serviços do SUS foram bem avaliados pelos brasileiros. O programa Saúde da Família, por exemplo, foi o que recebeu melhor avaliação. Para 80,7% dos pesquisados, o atendimento foi considerado muito bom ou bom. O serviço pior avaliado foi o atendimento de urgência e emergência, reprovado por um terço dos entrevistados. O Ipea fez 2.773 entrevistas em todos os estados do país no período de 3 a 19 de novembro do ano passado.

Os dados, de acordo com o instituto, indicam que a população quer acesso "mais fácil, rápido e oportuno" à rede pública de saúde. "Uma vez que o cidadão entra no sistema, ele avalia bem o serviço, mas a pesquisa mostra problemas no acesso a esses serviços, como demora na consulta especializada", disse a técnica de Planejamento e Pesquisa do Ipea, Luciana Mendes, durante apresentação do levantamento, em Brasília.

Para o presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica de São Paulo, Antônio Carlos Lopes, os problemas apontados são consequência de uma política pública equivocada, que cria desequilíbrios na gestão de recursos. "Dinheiro para investir existe, o problema é de competência. Não adianta fazer prevenção e investir mais em programas, como o de Saúde da Família e, do outro lado, deixar morrer quem está doente", disse. Para o presidente do Conselho Regional de Medicina do Paraná, Carlos Rocha, não faltam médicos no sistema, a dificuldade maior é a carência de investimentos em determinadas áreas. "Na prática não existe gerenciamento, falta uma melhor aplicação dos recursos."

O professor da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas e ex-coordenador do Hospital de Clínicas do município, Marcelo de Carvalho Ramos, concorda que o problema está no investimento, mas que nem por isso seriam necessárias novas fontes de recursos, como a reativação da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação e Transmissão Financeira). "Basta que o governo cumpra o que está na lei, que é investir o equivalente a 17% do PIB [Produto Interno Bruto]. Hoje se investe apenas 5%", afirmou. Ramos acredita que as melhorias na saúde pública passam pelo compartilhamento de responsabilidades entre União, estados e municípios. "O que precisa ser corrigida é a interação dos municípios com os governos estadual e federal, para melhorar a capacidade de implantação do SUS e também a capacitação dos profissionais que fazem o atendimento básico nos postos de saúde", disse.

Queixa

Com o filho de sete meses no colo, a dona de casa Franciele Bodowisz da Silva, 19 anos, esperou uma hora e meia para ser atendida ontem no Centro Municipal de Urgências Médicas do bairro Campo Comprido, em Curitiba, por volta das 15h30. "Não é a primeira vez. Quando não está cheio, faltam médicos", reclamou. Ela buscava atendimento para um mal-estar. Outros 15 pacientes aguardavam por uma consulta. Já Andréa Bonfim, 28 anos, não precisou esperar. Com muitas dores devido a uma curetagem feita na semana anterior, ela foi chamada em 15 minutos.

O diretor técnico do Sistema de Urgências e Emergências da Secretaria Municipal de Saúde, Eduardo Mischiatti, explica que o tempo de espera enfrentado por Franciele pode ser consequência da triagem feita de acordo com a gravidade da paciente. Segundo ele, as pessoas que procuram os centros de urgências médicas, independentemente do problema, sempre são atendidas. "Só que a prioridade é para os casos de emergência", disse. A média atual de atendimentos nos centros de urgências da capital é de 600 pacientes por dia.

Proximidade explica sucesso do Saúde da Família

A avaliação positiva do Programa Saúde da Família, segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Medicina da Família e Comuni­dade, Gustavo Gusso, se deve à proximidade e envolvimento do médico à necessidade das pessoas, fato que, segundo ele, não ocorre nos planos de saúde privados. Na Região Sul, o índice de pessoas que considerou o serviço muito bom e bom foi maior que o nacional (85% contra 80%).

De acordo com a diretora do Departamento de Atenção Primá­ria da Secretaria de Estado da Saúde, Elisete Maria Ribeiro, o governo aposta na ampliação dos 54% de cobertura do programa no Paraná como forma de melhorar problemas apontados na pesquisa, como a falta de médicos e a demora no atendimento. O primeiro passo será implantar o programa nos dez municípios paranaenses que ainda não contam com a política. "Queremos que os municípios entendam que o programa é a melhor estratégia para melhorar a qualidade da saúde da população", diz.

Desde 1995 atuando na especialidade de médico da família, Hamilton Lima Wagner atende centenas de pacientes na Unidade de Saúde São José Passaúna, em Curitiba. Para ele, conhecer as condições de vida e o histórico do pa­­ciente é fundamental para o profissional que atua no programa. "Temos que trabalhar baseados na realidade de cada paciente", diz. Delci Hahnn, 81 anos, é paciente dele há uma década e se diz satisfeita com o atendimento. As visitas são agendadas uma vez por semana, mas isso não significa que os médicos da família não atendam casos de emergência. Apenas no consultório, são feitas cerca de 20 consultas diárias. Quando o médico Wagner sai em excursão pelo território extenso que atende, realiza, em média, quatro visitas.

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