Os brasileiros voaram mais em 2011, mas para menos cidades. Em um ano em que a demanda por voos domésticos cresceu 15,72%, o número de destinos atendidos pelas companhias aéreas regulares caiu. Durante todo o ano, os passageiros brasileiros desembarcaram em 132 cidades, uma a menos do que em 2010, segundo levantamento da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) feito a pedido da reportagem.
Apesar de a variação ser de apenas um destino entre um ano e outro, ela acentua um processo de concentração dos voos nas cidades maiores que vem ocorrendo há anos no Brasil. Em 2000, por exemplo, as empresas brasileiras voaram para 189 cidades, segundo dados do anuário do transporte aéreo da Anac.
O recorde do setor em número de destinos foi alcançado em 1957, quando as empresas atenderam 357 cidades, lembra o diretor de comunicação, marca e produto da Azul, Gianfranco Beting, que coleciona dados sobre o setor aéreo. Naquela época, o avião mais utilizado para voar no Brasil era o DC-3, capaz de pousar em pistas precárias. Só a Real Aerovias, uma empresa que foi comprada pela Varig nos anos 60, tinha mais de 100 aviões. "Com a substituição das aeronaves e regras mais rígidas de operação nos aeroportos, não dá mais para operar em todas as cidades que recebiam voos antigamente", explica Beting.
Sem investimento em infraestrutura aeroportuária, a redução do número de cidades atendidas por voos comerciais no Brasil foi inevitável. No interior, a maioria dos aeroportos é administrada pelas prefeituras e não atende os requisitos exigidos pela Anac para receber voos regulares. Eles precisam, por exemplo, ter equipamentos de raio X e equipe de bombeiros de plantão no local.
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