O artigo científico “Qualis: The journal ranking system undermining the impact of Brazilian Science” (Qualis: O sistema de classificação de periódicos que mina o impacto da ciência brasileira), publicado em 11 de novembro e que avaliou a influência do sistema de classificação de revistas científicas no impacto global da ciência brasileira, concluiu que desde sua implementação, em 2009, o Qualis não contribuiu para o aumento do impacto da ciência do país e apontou a existência de mecanismos de avaliação tendenciosos em todas as áreas disciplinares. O artigo foi publicado em novembro pelo pesquisador sênior e pós-doutor em Biologia Rodolfo Jaffé.
“Os resultados revelam que o sistema Qualis, originalmente destinado a classificar programas de pós-graduação em diferentes áreas temáticas e promover periódicos nacionais selecionados, tem sido incapaz de aumentar o impacto relativo da ciência brasileira em comparação com outros países latino-americanos desde sua implantação em 2009. Além disso, todas as áreas disciplinares que compõem o sistema Qualis apresentaram algum viés, sendo as ciências sociais geralmente mais tendenciosas do que as ciências naturais”, cita o autor do estudo.
O pesquisador também detectou que a maioria dos periódicos incluídos no sistema Qualis (61%) não foi indexada pelo Scopus (um dos principais indexadores de revistas científicas a nível mundial). “Esses resultados sugerem que um número substancial de periódicos incluídos no sistema Qualis não atende aos critérios mínimos de elegibilidade da maior base de dados de fonte neutra. Isso é alarmante e revela a necessidade de estabelecer padrões de qualidade mais elevados em todas as áreas temáticas”, destacou o pesquisador.
O Qualis Periódicos é um sistema de avaliação de revistas científicas utilizado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), agência do Ministério da Educação (MEC) responsável por avaliar cursos de pós-graduação no Brasil.
Em maio de 2019, a Gazeta do Povo já havia denunciado supostos artifícios do comitê de Administração da Capes para aumentar a avaliação de periódicos de um grupo privilegiado de instituições de ensino e favorecer melhores notas para seus cursos. Recentemente, o jornal apontou suposta nova manobra para “superavaliar” revistas científicas de instituições privilegiadas.