Aula de culinária da Apacn e Espaço Gourmet: presente inusitado na Semana da Criança| Foto: Daniel Derevecki/Gazeta do Povo

Confeiteira faz festa em Colombo

A confeiteira Laura Ramos também faz festa para a meninada todos os anos no Dia das Crianças. Ela mora na Vila Liberdade, comunidade carente de Colombo, e guarda R$ 1 de todas as encomendas que faz para produzir doces, tortas, bolos e salgadinhos. A data já é tradição: meninos e meninas têm pouso certo na casa da "Tia Laura" no dia 12 de outubro e comem os quitutes à vontade. A iniciativa é tradição de família. Os pais eram muito pobres e fizeram promessa a Nossa Senhora Aparecida. Caso conseguissem melhorar de vida, fariam uma festa no Dia das Crianças. Eles moravam no interior e o pai distribuiu as guloseimas por 30 anos. Anos depois Laura veio para Curitiba e também passou dificuldades. Ela resolveu fazer nova promessa e seguir a iniciativa do pai. A festa começou com cinco crianças, passou para 50 e hoje são quase 2 mil. Sem tem ajuda de outras pessoas, a confeiteira faz 50 quilos de bolo com a imagem da santa, algodão doce e cachorro-quente.

A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) tem iniciativa semelhante. Neste ano, 21 restaurantes associados de Curitiba oferecerão refeições para 850 crianças carentes. (PC)

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A semana das crianças teve gosto de brigadeiro para um grupo de meninos e meninas que fazem tratamento contra o câncer em Curitiba. A Associação Paranaense de Apoio a Criança com Neoplasia (APACN) e o Espaço Gourmet fizeram uma parceira e encontraram uma forma diferente de presentear a criançada. Ao invés de comprar brinquedos, eles decidiram ensinar os pequenos pacientes a fazer pratos que ninguém recusa: brigadeiro e panqueca. O resultado foi uma tarde inusitada e cheia de brincadeiras, que ajudou as crianças a esquecer o difícil desafio do câncer.

Luene Raíssa Maciel, de 8 anos, está há um mês em Curitiba para fazer o tratamento contra leucemia. O sorriso no rosto mostra que o doce preferido é mesmo o brigadeiro. "Já posso fazer para os meus colegas da casa." Ela e a mãe são de Ponta Grossa e estão na casa de apoio da APACN. A instituição auxilia famílias vindas de outras localidades que vêm em busca de tratamento e não têm condições para pagar hospedagem. A atividade que ela mais gosta de fazer é estudar e apesar dos efeitos colaterais das sessões de quimioterapia, Luene se divertiu a tarde toda.

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Jair Ribeiro e Emanuela Pereira, ambos de 13 anos, se conheceram na casa da APACN, mas têm histórias semelhantes. Os dois vieram de longe com a missão de serem pequenos super-heróis, ao menos para seus irmãos, a quem doarão a medula óssea. Emanuela veio do Ceará e viajou mais de 7 horas para poder ajudar a irmã, pois a chance de se encontrar um doador que não seja da família é uma em um milhão nos casos em que a compatibilidade tem que ser 100%.

Na terra natal ela e a mãe deixaram o pai e quatro irmãos. Estão na capital há dois meses e o mais difícil foi se acostumar com o frio. "Mas as pessoas boas que encontramos fazem a diferença", diz. O amigo Jair veio de Santa Catarina para doar a medula à sua irmã de apenas 1 ano. A cirurgia será na semana que vem e, embora não entenda muito bem a doença, o garoto sabe que já fez a diferença. "Sei que vou ajudá-la muito."

O empresário Márcio Silva, dono da empresa que propôs a atividade, conheceu o trabalho da APACN em um evento chamado Family Day, festa organizada para arrecadação de fundos. "Percebi que a nossa vida é muito boa e não damos valor. Quando conheci os meninos e meninas eles estavam em tratamento e encaravam tudo de frente e nos muitas vezes reclamamos por nada", explica. Este ano, Silva queria fazer algo para comemorar o dia das crianças e decidiu dar uma aula de culinária. "Pensei em algo divertido e não há nada melhor que brigadeiro."

Maria Ione Badotti, uma das fundadoras da APACN, trabalha na instituição como voluntária há 25 anos. A idéia de criar uma casa de apoio para crianças com câncer partiu de pais que tinham filhos com a doença e tinham condições de fazer o tratamento. "Vimos que havia muitas famílias que não tinham recursos. Unimos forças em uma hora de dor e criamos a APACN", explica. "Sou uma das fundadoras, mas não sei se sou eu que faço bem para eles ou é o contrário."

A voluntária tem um filho que teve neoplasia com cinco anos e por isso decidiu ajudar. "Chego a chorar quando os vejo fazendo alguma atividade, como cantar, por exemplo, pois dá um turbilhão de emoções, um misto de pena e gratificação por estar lá." A APACN vive de doações e possui uma casa de apoio no Tarumã, além de um ambulatório, em parceria com o Hospital de Clínicas. "Todos os anos as crianças ganham presentes nesta data, mas esta tarde foi diferente."

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