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São Paulo – Os presidentes Luiz Inácio da Silva e George W. Bush, dos Estados Unidos, darão o aval para o trabalho conjunto de seus governos na consolidação de democracias frágeis, especialmente da África. A assinatura de um acerto bilateral, hoje, tenderá a ser encoberta pelo acordo de cooperação na área de biocombustíveis, pelas espinhosas discussões entre Lula e Bush sobre a expansão da revolução bolivariana de Hugo Chávez pela América Latina e pelos entraves para a conclusão das negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC). Mas responde a demandas das políticas externas tanto dos Estados Unidos como do Brasil e é avaliado como de extrema importância pelo Itamaraty.

Segundo o embaixador Everton Vargas, subsecretário-geral de Assuntos Políticos do Itamaraty, o acordo abrirá um leque jurídico para a cooperação conjunta do Brasil e dos Estados Unidos no reforço das instituições democráticas e nos procedimentos eleitorais de países como Guiné Bissau, que vive desde sua independência, em 1973, vulnerável a sucessivos golpes de Estado e motins.

Em princípio, o governo norte-americano entraria principalmente com a colaboração financeira. O Brasil responderia com a transferência de tecnologia e ajuda técnica para a informatização do processo eleitoral e com a cooperação na área institucional.

A cooperação Brasil–Estados Unidos no campo do fortalecimento da democracia em outros países atende, em princípio, a dois objetivos do governo brasileiro. Primeiro, ampliará o leque de ações da chamada cooperação Sul–Sul, a prioridade conferida pela política externa do presidente Lula às relações com o restante do mundo em desenvolvimento, sobretudo com os da África. Segundo: reforçará a tese de que não há resquícios antiamericanistas no governo brasileiro.

Para a Casa Branca, essa cooperação dará a oportunidade para disseminar o tom de "generosidade" que Bush pretende imprimir à política exterior, para construir uma agenda mais positiva com a África e para reforçar o seu discurso em favor dos valores da democracia. Ao apresentar a iniciativa, entretanto, o governo brasileiro terá especial cuidado para não indicar que a América Latina seria alvo dessa cooperação. O temor do Itamaraty está na possibilidade de essa ação conjunta do Brasil e dos EUA ser apontada como uma ingerência em questões internas da vizinhança – em especial, pela Venezuela de Hugo Chávez e seus aliados na Bolívia, no Equador e mesmo em Cuba.

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