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Bombeiro combate o incêndio no Butantan: sistemas de detecção de fumaça e de combate a incêndio já haviam sido solicitados | Nelson Antoine/Fotoarena/Folhapress
Bombeiro combate o incêndio no Butantan: sistemas de detecção de fumaça e de combate a incêndio já haviam sido solicitados| Foto: Nelson Antoine/Fotoarena/Folhapress

São Paulo - Um prejuízo incalculável. É como a direção do Instituto Butantan, em São Paulo, define as consequência do incêndio da manhã de sábado, que destruiu a maior coleção científica de cobras do mundo. Iniciada há 120 anos, toda a coleção de 85 mil exemplares foi perdida. Centenas de espécimes ainda não haviam sido descritas pelos biólogos. Entre os aracnídeos, em especial aranhas e escorpiões, a perda foi de cerca de 450 mil espécimes, das quais milhares ainda não tinham sido descritas pelos cientistas. Os animais eram conservados em vidros com formol.

A digitalização do acervo também pode ter se perdido. Uma funcionária estava catalogando documentos, livros e projetos científicos para montar um arquivo digital. O trabalho não estava concluído. A princípio pensou-se que os livros de tombo, que continham os registros de coleta dos espécimes, também tinham sido destruídos, mas confirmou-se que eles foram salvos.

"O estrago foi muito grande", definiu o diretor do Instituto Butantan, Otávio Azevedo Mer­cadante. "O prejuízo material você recupera. O científico, não." Para o herpetólogo (especialista em répteis e anfíbios) Miguel Rodrigues. "É uma tragédia da proporção do incêndio da biblioteca de Alexandria’’, disse o curador da coleção de serpentes, Francisco Luís Franco.

A Polícia Civil deve instaurar um inquérito hoje para apurar as causas do incêndio. Peritos do Instituto de Criminalística vão elaborar o laudo técnico sobre o acidente, que deverá ser concluído em 30 dias. A suspeita inicial dos bombeiros que trabalharam na ocorrência é que o fogo foi provocado por curto-circuito ou sobrecarga elétrica. O incêndio começou entre 7 e 8 horas da manhã de sábado e foi controlado por volta das 10 horas. Ontem pela manhã, o Corpo de Bom­beiros voltou ao galpão destruído para controlar um princípio de incêndio. As chamas teriam sido provocadas pelo contato das cinzas com o que restou de álcool e formol, onde os animais mortos eram conservados.

Sem proteção

A necessidade de modificações no prédio que abrigava a coleção já era discutida no instituto. Em dezembro, um grupo de curadores encaminhou à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo um projeto de melhorias estruturais e administrativas nos acervos, orçado em cerca de R$ 1 milhão. Um dos pontos destacados era a necessidade de instalação de sistemas de detecção de fumaça e de combate a incêndio. Ontem, a Fundação não se posicionou sobre o incêndio. O prédio queimado foi projetado na década de 1970.

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