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Fogo destruiu a maior coleção científica de cobras do mundo. Polícia vai investigar as causas do incidente | Nelson Almeida/AFP
Fogo destruiu a maior coleção científica de cobras do mundo. Polícia vai investigar as causas do incidente| Foto: Nelson Almeida/AFP

Trabalho de 120 anos destruído em 3 horas

Demorou 120 anos para que o Instituto Butantan conseguisse criar o acervo de cobras, aranhas e escorpiões; e apenas três horas para que fosse consumido pelo incêndio, no último sábado.

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Faltam sistemas eficientes de combate a incêndio

O incêndio que destruiu o acervo de cobras e aracnídeos do Instituto Butantan, na capital paulista, fez soar o alarme sobre a falta de apoio à conservação do patrimônio histórico natural do Brasil.

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São Paulo - Boas notícias emergiram ontem das cinzas do Prédio das Coleções do Instituto Butantan, em São Paulo. Muitos dos espécimes mais importantes do acervo de cobras – os chamados "holótipos" ou "tipos" –, que estavam dentro de um armário fechado, escaparam quase ilesos do fogo no sábado. Parte da coleção de aranhas também foi salva dos escombros, mas não se sabe quanto exatamente.

Alunos entraram no armário onde ficavam os holótipos e descobriram que parte do material não havia sido queimado. "Holótipo de alcatraz!", gritou um biólogo lá de dentro, eufórico. "Insularis também!", completou ele, alguns minutos depois, para alegria de pesquisadores e colegas que aguardavam ansiosos do lado de fora.

Os nomes se referem aos primeiros exemplares descritos das es­­pécies Bothrops alcatraz e Bo­­throps insularis, popularmente cha­­madas jararaca-de-alcatrazes e ja­­raraca-ilhôa, raríssimas, que só existem em duas ilhas do litoral paulista. Pelas estimativas do pesquisador Marcelo Duarte, cerca de 70% do material tipo pode ter sido salvo.

O resgate só foi possível graças a um novo princípio de incêndio. A veterinária Cristina España, que faz trabalho de doutorado sobre dentição de cobras no Butantan, notou fumaça saindo pelo telhado do prédio, no início da tarde de ontem. Chamou os bombeiros, que chegaram em menos de dez minutos e verificaram que havia um arquivo de papéis em chamas.

Com a presença dos bombeiros, os cientistas aproveitaram para entrar no prédio, que estava interditado por risco de desabamento, e iniciar a busca por "sobreviventes" em meio às cinzas, escombros e ferros retorcidos. De repente, começou um corre-corre, com alunos saindo do prédio cheios de cobras chamuscadas e potes de vidro semiderretidos nos braços.

O trabalho teve de ser interrompido após cerca de meia hora porque os bombeiros notaram que a estrutura do prédio estava cedendo e havia risco de o telhado desabar.

Outra boa notícia é que os "livros de tombo" originais da coleção não estavam no prédio incinerado. Eles contêm os registros por escrito de todos os espécimes "tombados" na coleção. Ain­­da que os bichos tenham sido perdidos, pelo menos as informações referentes a eles poderão ser resgatadas. Os arquivos digitais do acervo também não foram afetados.

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