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Doze quadrilhas com ramificações em diferentes regiões do Paraná tiveram baixas nos últimos 30 dias. Ao todo, são 78 pessoas (homens, mulheres e adolescentes) detidas por envolvimento em seqüestros, assaltos e tráfico de drogas. Expressivo para a polícia, o número traz embutido um problema que preocupa a população: o aumento na criminalidade.

"As delegacias têm aprimorado as tecnologias de investigação. O aumento da criminalidade faz com que aumente o trabalho da polícia e, junto, os resultados", avalia o delegado Riad Braga Farhat, titular do Grupo Tigre, anti-seqüestro. "Esse pessoal tem se especializado, se armado e também tem tido conhecimento do trabalho da polícia. Também tem aumentado o número de bandidos nas ruas", afirma o delegado Rubens Recalcatti, da Delegacia de Furtos e Roubos (DFR) de Curitiba.

O último grupo a ser desarticulado foi apresentado ontem na DFR. O quinteto formado por três homens e duas mulheres é acusado de praticar assaltos em saídas de bancos na região dos bairros Portão e Pinheirinho. Nelson José de Sobral Filho e Milton César Gomes Ribeiro, ambos com 25 anos, foram presos na segunda-feira. Eles foram reconhecidos por uma vítima que teve R$ 14 mil roubados no dia 11 de janeiro.

Os dois ainda são suspeitos de terem matado Charles John Borges Storto, 26 anos, no dia 5 de dezembro de 2006. O rapaz foi executado logo após ter saído de uma agência bancária do Portão com R$ 38 mil. Após a prisão da dupla, os investigadores chegaram às mulheres deles, que estavam no litoral paranaense. Com elas, foram encontrados R$ 5,5 mil, drogas e um celular roubado. A quinta pessoa detida foi Elário de Lima, 43 anos, apontado como fornecedor de armas para o bando.

Como outras quadrilhas, o grupo dividia as tarefas entre os integrantes. "Enquanto um ficava fora do banco, outro fazia o levantamento dentro da agência. Um dava cobertura com carro e armas e as mulheres guardavam os produtos roubados", explica Recalcatti. Em um esquema de tráfico, enquanto uma pessoa recebe as drogas e outra administra o negócio, há quem vende o entorpecente. Já em quadrilhas especializadas em seqüestro, existe quem aborda o refém, aqueles que cuidam do cativeiro e a pessoa que pede o resgate.

Quatro esquemas desestruturados recentemente pela polícia mostram o relacionamento cada vez maior entre criminosos paranaenses e bandidos de outros estados. Foi um paulista, por exemplo, quem comandou o seqüestro mais longo do Paraná. O grupo liderado por Alexandre Ferreira Viana começou a ser derrubado no início do ano passado, com a prisão de três pessoas, e teve as últimas quatro baixas (inclusive a de Viana) em 29 de dezembro. "O caso foi encerrado com a prisão deles", afirma Farhat.

Em outro caso, quatro investigadores da Polícia Civil – lotados no 11.º Distrito Policial de Curitiba – foram detidos, acusados de participação em um esquema que envolve tráfico de drogas, latrocínio e extorsão. Os policiais foram presos com dez quilos de cocaína, pedras de crack e buchas de maconha. Além disso, eles tinham cerca de R$ 10 mil nos bolsos, resultado de uma transação de drogas feita em um bar no bairro Hauer, em Curitiba. Os policiais são suspeitos de fornecer armas e coletes balísticos para outras pessoas que praticavam assaltos.

"O crime organizado tem um poder ofensivo muito grande, que se manifesta, inclusive, dentro da administração pública. Ele depende da desorganização do Estado", comenta o advogado criminalista René Dotti. Segundo o Código Penal, o crime de formação de quadrilha é caracterizado a partir do momento em que mais de três pessoas se unem para cometer algum crime. A pena varia de um a três anos de prisão. Quando se trata de tráfico de entorpecentes, a punição varia entre três e dez anos.

Hoje, segundo o superintendente da delegacia de São José dos Pinhais, Altair Ferreira, outra quadrilha será apresentada à imprensa. O bando é acusado de praticar assaltos a residências na região do bairro Alto da XV, na capital.

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