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Zona de conflito

A dona de casa Ivone da Silva, 34 anos, mora há uma década no Alto da Bela Vista, de onde deve se mudar até julho do ano que vem. A vila fica na área de proteção ambiental do Rio Barigüi e vai ser desocupada. Há poucos metros dali vai nascer a nova Alto da Bela Vista, criada para abrigar as 358 famílias deslocadas, um investimento público de R$ 727 mil. "Vamos pagar R$ 70 por mês", festeja Ivone, sem tirar os olhos dos três filhos no portão. "Problema, aqui, só as drogas." A rua em que Ivone mora é estreita, sem asfalto e a casa de cinco metros por seis fica numa ribanceira. Mas sem lamúrias.

Linha do destino

A professora aposentada Ada Bianchini da Silva tem 70 anos e há 23 mora no Conjunto Oswaldo Cruz – que, ao lado da Vila Nossa Senhora da Luz, Fazendinha e Santa Helena é um dos pontos mais tradicionais da CIC. Mas ela já chegou a se mudar dali, depois que seu marido foi assassinado. O trauma não superou o gosto pelo lugar. "Continuo me sentindo insegura. Mas gosto dos vizinhos. As pessoas aqui são boas", ameniza. Além da violência, diz, faltam bons supermercados, o que evitaria a longa jornada até os bairros vizinhos, como o Portão. A crítica também se aplica aos bancos. Há quatro agências concentradas na Rua Waldomiro de Macedo.

Área nobre

O segurança Círio Gomes Ferreira, 49 anos, preside um dos 30 conselhos de segurança (Consegs) da Cidade Industrial de Curitiba. A comunidade se cotiza e paga vigilantes com carros e motos para cuidar das vilas e baixar os índices de violência. Círio atua na Vitória Régia, uma espécie de ilha de prosperidade da região, criada há cinco anos por uma empreiteira, em parceria com a prefeitura da capital. O loteamento tem 4,5 mil lotes, onde vivem 1,8 mil famílias. O índice de violência é zero – garante Gomes Ferreira. O segurança vive há três anos na vila mais ajeitada da CIC, com portal, pavimentação central e jardim público.

A Itália é logo ali

Sim, há pelo menos uma colônia italiana na paisagem cinzenta da Cidade Industrial. Chama-se Marqueto. O auge foi no tempo das olarias – muitas hoje embaixo das águas. Mas o lugarejo sobreviveu, com galpões, parreirais, jardins bem-cuidados e casinhas de madeira. A colônia é formada por uma única rua de chácaras. Ali, moram 200 famílias, em sua maioria representantes do clã Marqueto. "Tem um japonês também", avisa o patriarca Jocelin Marquete (com "e" mesmo), 63 anos. O italianão pode ser visto, serelepe, em seu reluzente caminhão 1949. Ele faz de conta que tudo está igual como era antes. O que tem seu fundo de verdade.

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