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Rosélio Aparecido Pereira, 32 anos, católico, aprendeu a assistir à missa na histórica Igreja Senhor Bom Jesus do Portão, na Avenida República Argentina, em Curitiba. Lá ele foi batizado, fez a primeira comunhão e depois a crisma. Já adulto, virou assíduo freqüentador das missas dominicais, principalmente à noite, mesmo tendo se mudado para o bairro Pinheirinho.

Hoje, no entanto, ele não assiste mais às celebrações religiosas no Portão. Desde 2004, Pereira é obrigado a andar em uma cadeira de rodas – por conta de uma mal-sucedida intervenção médica – e a escadaria que dá acesso à entrada da igreja tornou-se um obstáculo intransponível para ele. Já a porta lateral, que seria a melhor alternativa para entrar, não tem rampa.

Para superar os degraus, só passando pelo constrangimento de ser carregado no colo por alguém, situação que Pereira não gosta de enfrentar. "É chato para a gente. Por isso deixei de vir aqui. E não fui só eu", afirma ele, lembrando que pouco antes do carnaval chegou a pedir na secretaria da paróquia para que fosse feita uma adaptação. "Eles disseram para assistir à missa na nova igreja (que fica a uma quadra dali, depois da via rápida). Mas quero aqui, onde sempre freqüentei."

Reforma

Atualmente, a Igreja do Portão passa por uma reforma na parte elétrica, mas não há plano para a instalação de rampas. Na secretaria, a informação foi de que o imóvel é tombado e qualquer modificação estrutural depende de autorização da prefeitura. A igreja é uma Unidade de Interesse de Preservação (UIP) de Curitiba e toda intervenção precisa do aval do município.

Mas isso não significa que o imóvel foi tombado, o que é uma prerrogativa do patrimônio histórico estadual e federal, não do município. Entre as paróquias da capital, apenas a Igreja da Ordem tem esse status.

"Sabemos que em alguns prédios históricos há dificuldade para se fazer as adaptações necessárias aos portadores de deficiência", afirma o presidente da ADFP, Mauro Gardini.

Segundo a diretora do patrimônio histórico da Secretaria de Estado da Cultura, Rosina Parchen, especialista no assunto, o tombamento não seria nenhum empecilho no caso do Portão. "Não pode ocorrer uma descaracterização do imóvel, mas quando é o caso de uma necessidade comprovada, como o acesso aos deficientes, há várias alternativas possíveis que não implicam em uma agressão ao patrimônio", explica. Em todo o Paraná, 18 igrejas são tombadas pelo estado. Na capital, 35 igrejas ou capelas são consideradas UIPs.

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