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A julgar pelos números do questionário sócio-educacional do vestibular, destrinchados ontem pelo Núcleo de Concursos da Universidade Federal do Paraná (UFPR), não falta muito para os alunos da escola pública disputarem as vagas da instituição em pé de igualdade com os estudantes que freqüentaram a rede privada de ensino.

A proporção dos alunos aprovados em 2006 que cursaram o ensino médio integralmente em escola pública, por exemplo, representou um déficit de apenas 1,24% em relação à parcela dos candidatos inscritos nessa situação. Foram 1.687 do um total de 4.306 aprovados na UFPR, representando 39,18%. Já entre os inscritos no vestibular, os 18.291 candidados de escolas públicas representaram 39,67% do total de 46.104.

"Se não houvesse qualquer desvantagem entre os alunos de escolas públicas e privadas, era de se esperar que a proporção entre os candidatos se repetiria entre os aprovados – se houve 39% de inscritos da rede pública, teoricamente eles deveriam ser 39% dos aprovados", explica o professor José Erasmo Gruginski, assessor acadêmico do Núcleo de Concursos. "Mas o que acontecia era que, embora a proporção dos estudantes que freqüentaram integralmente a rede privada fosse menor entre os candidatos, eles eram a maioria absoluta entre os aprovados. Essa vantagem ainda existe, mas já é bem menor do que dois anos atrás."

No vestibular 2004, o último sem a política de cotas, o déficit entre aprovados e candidatos da rede pública foi de 26,2%: eles eram 42,32% dos inscritos, mas só 31,27% dos novos universitários, enquanto no concurso do ano passado essa desvantagem foi de 11,86% – 41,58% dos candidatos para 36,65% dos aprovados.

Ao mesmo tempo, a vantagem dos candidatos provenientes das escolas particulares vem caindo. Em 2004, embora representassem 38,32% dos 46.531 inscritos, os estudantes que cursaram o ensino médio todo em escola particular somavam 51,85% dos 4.160 aprovados – um superávit de 35,5% em relação à proporção de inscritos. No ano seguinte, quando foram implantadas as políticas afirmativas, esses alunos eram 40,09% dos inscritos e 45,98% dos aprovados (superávit de 14,7%), enquanto no vestibular 2006 representaram 43,11% dos inscritos e 47,72% dos calouros – vantagem de 10,7%.

"Além das cotas, acreditamos que as mudanças que fizemos na própria prova – em duas fases, com dois dias de duração, à tarde, e com questões que privilegiaram o raciocínio no lugar da decoreba -, tenham ajudado a diminuir a distância entre os candidatos da rede pública e da rede particular", opina o reitor Carlos Augusto Moreira Júnior.

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