• Carregando...

Rio de Janeiro - As doenças cardiovasculares se mantêm como a principal causa de morte dos brasileiros, mas o índice de óbitos por enfartes, derrames e problemas coronarianos só cai no país, graças ao avanço da medicina na área e à melhoria no atendimento nos hospitais. No entanto, isso ocorre num ritmo mais acelerado nas regiões mais desenvolvidas do que nas pobres.

Essa é a conclusão de um estudo que analisou dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde de 1980 a 2003. No período, a taxa de mortes a cada 100 mil habitantes passou de 287,3 para 161,9, com um decréscimo anual de 3,9%. O derrame foi o que mais caiu: no Nordeste, 3%; no Centro-Oeste, 3,6%; no Sul, 4,1%; no Sudeste, 4,4%.

Os pesquisadores, Cíntia Curioni e Renato Veras, ambos da Universidade do Estado do Rio, Cynthia Cunha, da Fiocruz, e Charles André, da Universidade Federal do Rio, analisaram os dados durante um ano. Foi a primeira vez que uma pesquisa abrangente enfocou as diferenças regionais.

Entre as causas das desigualdades está a qualidade inferior no atendimento, o que inclui a aparelhagem dos hospitais – três quartos dos aparelhos de ressonância magnética e de tomografia computadorizada, que permitem ao médico visualizar com precisão o coração e o cérebro do paciente, estão concentrados no Sul e no Sudeste, notadamente nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Outro ponto levantado pelo estudo é o grau de conscientização da população quanto aos fatores de risco, como fumo, obesidade, diabete, hipertensão e sedentarismo, que seria maior nas regiões mais ricas do país.

Deborah Malta, coordenadora-geral de Doenças e Agravos Não Transmissíveis do Ministério da Saúde, aponta que levantamentos do órgão mostram que, entre as capitais, as que registram menor índice de sedentarismo são Palmas, Belém, Boa Vista e Natal, bem na frente do Rio e de São Paulo. "A divisão não é geográfica, e sim de escolaridade e renda", diz ela.

A médica afirma também que é preciso relativizar os resultados do estudo, já que os sistemas de informações do Sul e Sudeste são mais eficientes do que os do Norte e Nordeste, que foram aperfeiçoados apenas a partir de 2004.

Prevenção

A pesquisa aponta para a necessidade de os governos atentarem para a prevenção primária das doenças. O cardiologista Carlos Scherr, membro do Colégio Americano de Cardiologia, defende a adoção de campanhas de conscientização pelo Ministério da Saúde. "São as doenças que mais matam no Brasil e nunca se fez uma campanha do mesmo nível de intensidade e com continuidade como se faz para a aids ou a dengue. Faltam informações básicas e simples. Hoje, o índice das pessoas que tratam a hipertensão no Brasil é de apenas 40%", disse Scherr.

Ele lembra que, nos Estados Unidos, 44% da queda de mortalidade por doenças coronarianas se deveu ao controle do peso, diminuição do colesterol e do sedentarismo.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]