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Jorge Hereda reconheceu “informação equivocada” | José Cruz/Abr
Jorge Hereda reconheceu “informação equivocada”| Foto: José Cruz/Abr

Investigação

Ministro diz ser difícil associar antecipação de pagamentos a boatos

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse ontem que a antecipação de pagamentos do Bolsa Família não deve ser a causa para os boatos, mas afirmou também não descartar nenhuma linha de investigação. Segundo ele, "chama a atenção" como o boato só ocorreu em algumas regiões do país e com "velocidade que favorece a necessidade de investigarmos se foi orquestrada". "Na minha opinião pessoal, parece difícil associar essas duas situações como causa e efeito [antecipação de pagamento e boatos]. Você tem a divulgação do boato numa velocidade impressionante em alguns estados. Se o sistema é nacional, porque aconteceu apenas em algumas regiões?", questionou.

Cronologia

Boato sobre o fim do Bolsa Família iniciou toda a confusão:

17 mai – Sem avisar, a Caixa libera o pagamento para todas as famílias do programa.

18 mai – Boatos sobre o fim do Bolsa Família causam caos em agências da Caixa. Cerca de 920 mil saques são feitos no valor total de R$ 152 milhões

19 mai – Governo divulga nota para negar os boatos. Polícia Federal (PF) abre inquérito para investigar o caso.

20 mai – Ministra Maria do Rosário, dos Direitos Humanos, acusa oposição por espalhar o boato. Presidenta Dilma Rousseff diz que ato é "criminoso".

24 maio – A PF diz que boato pode ter surgido a partir de ligações feitas de uma central de telemarketing no Rio de Janeiro.

A Caixa Econômica Federal admitiu ontem que omitiu e divulgou informações erradas sobre mudanças no calendário de pagamento do Bolsa Família, programa federal que foi alvo de boatos nos dias 18 e 19 de maio. O banco estatal confirmou que sabia, desde a segunda-feira da semana passada, que todo o dinheiro do programa tinha sido liberado um dia antes da onda de boatos, sem aviso prévio.

As falsas notícias de que o programa seria extinto, ou que haveria um bônus pelo Dia das Mães, provocaram uma corrida aos caixas eletrônicos do banco no fim de semana dos dias 18 e 19, o que resultou em enormes filas e em depredações em alguns casos. Ontem, o presidente da Caixa, Jorge Hereda, pediu desculpas pela "informação equivocada" repassada por um dos executivos do banco.

A Caixa sustentava ter liberado o dinheiro só após a confusão. A versão oficial era de que a liberação de todos os pagamentos ocorrera para aplacar o pânico. Normalmente, cada família só pode sacar o dinheiro em uma data pré-estabelecida. Só que o banco mudou de versão na sexta-feira, após o jornal Folha de S.Paulo descobrir que uma dona de casa de Fortaleza (CE) conseguiu retirar seu pagamento de forma antecipada já na sexta-feira – um dia antes, portanto, dos boatos.

Isso levantou a hipótese de que foi a antecipação do pagamento, e não uma ação deliberada e orquestrada, a causa original da confusão, o que a Caixa nega. "Pedi que levantassem todas as informações para eu poder me posicionar. Se eu fosse a público dizer um pedaço só da história, seria irresponsável", justificou Hereda, sobre não ter refeito a versão inicial do banco logo que soube que ela era errada.

Segundo Hereda, cerca de 700 mil famílias tinham mais de um NIS (Número de Identificação Social), usado para definir o dia em que a pessoa recebe o Bolsa Família. O governo então decidiu unificar esses números: cada família passaria a usar apenas o NIS mais antigo.

A liberação geral, que segundo ele não passou pela cúpula da instituição, ocorreu para impedir que famílias não se confundissem. As famílias não foram avisadas, disse, pois ações parecidas ocorreram em outras situações e nunca houve registro de problemas.

Para a oposição, essa liberação é a provável causa do que ocorreu. O PSDB pediu ontem ao Ministério Público Federal que investigue a mudança na liberação de recursos do programa.

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