• Carregando...
Pronto-atendimento municipal: falta de médicos prejudica atendimento | Gilberto Abelha/ Gazeta do Povo
Pronto-atendimento municipal: falta de médicos prejudica atendimento| Foto: Gilberto Abelha/ Gazeta do Povo

Leis

Pacote emergencial falhou

Para resolver a crise, a prefeitura de Londrina criou, em março, o Plano Emergencial de Saúde – um pacote de leis que previa benefícios aos profissionais de saúde do município, além da contratação de mais funcionários para estabilizar o problema. Clínicas particulares foram contratadas para os atendimentos em plantões, mas as filas e a falta de médicos persistiram.

Para o diretor-executivo da Secretaria Municipal de Saúde, Márcio Nishida, a contratação de médicos, sozinha, não é a solução do problema da Saúde em Londrina. "O que resolve é a melhor estruturação dos programas, com políticas de prevenção e promoção da saúde".

Nishida reconhece que a administração falhou ao criar parcerias com instituições que não são idôneas. "Se eles cumprissem suas funções, estaríamos numa situação melhor, mas são coisas que fogem do controle", afirmou.

Decisões erradas

Para o vereador e doutor em Saúde Pública, Marcio Almeida, o caos que se instalou na saúde de Londrina é consequência de uma série de decisões erradas. Ele acredita que o poder público abandonou o papel de gestor das políticas de saúde e não instituiu mecanismos eficazes de fiscalização. "A administração deixou de ter a saúde como dever e deu a ela uma posição secundária", afirmou.

Segundo ele, o estado de calamidade decretado por Barbosa Neto não condiz com a situação do município. "Não foram tomadas as providências no tempo em que deveria e agora inventam um estado de calamidade. Isso pode ser visto como uma forma de fugir de regras mais transparentes". (JG)

Londrina - Déficit de profissionais, o maior número de casos de dengue do Paraná e um escândalo que envolve desvio de verbas na prestação de serviços. Esse é o quadro da saúde em Londrina, na Região Norte do Paraná. Sem solução para a falta de profissionais, o prefeito Barbosa Neto (PDT) decretou estado de calamidade pública, por 90 dias, para poder contratar funcionários sem a necessidade de testes seletivos ou concursos públicos.

Hoje terminam os contratos com os institutos Atlântico e Gálatas, organizações da sociedade civil de interesse público (Oscips) que foram denunciadas por corrupção na Operação Antissepsia do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), deflagrada em maio. As organizações são acusadas de pagar propina a dois conselheiros municipais de saúde para fechar os contratos de prestação de serviços à prefeitura. O esquema respingou na primeira-dama do município Ana Laura Lino e no prefeito Barbosa Neto, que sofreu ontem um pedido de afastamento feito pelo Ministério Público (MP) Estadual.

De acordo com a secretária municipal da Saúde, Ana Olympia Dornellas, a contratação direta de médicos, enfermeiros e auxiliares foi a única saída para contornar a crise causada pelo fim dos contratos após as negativas da Fundação HUTec e da Santa Casa de Londrina em assumir os serviços até então prestados pelos institutos.

Para o promotor de Defesa da Saúde, Paulo Tavares, houve muita demora na definição de quem assumiria serviços como o Programa Saúde da Família (PSF), o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), a Policlínica e o Sistema de Internação Domiciliar. "A administração sabia que o prazo ia terminar, mas deixou que a coisa chegasse a esse ponto. Estamos temerosos com relação à qualidade dos serviços porque já estamos recebendo reclamações", contou. Segundo ele, o MP vai fiscalizar a transferência dos serviços para que os programas não sejam interrompidos e não haja prejuízo no atendimento à população.

Durante o período do decreto, a prefeitura pretende encaminhar para a Câmara de Vereadores um projeto de lei. O objetivo é realizar um teste seletivo, também provisório, para a contratação de funcionários para a execução de alguns serviços.

Médicos

Desde o início do ano, a falta de profissionais – principalmente de médicos plantonistas – complica o atendimento na rede pública municipal. Um concurso público aberto pela prefeitura não resolveu a falta de médicos nas unidades de saúde da cidade. Em pelo menos dois cargos oferecidos, o número de profissionais inscritos foi inferior ao número de vagas ofertadas.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Médicos de Londrina, José Luiz de Oliveira Camargo, a falta de interesse dos profissionais é causada pelo baixo valor dos salários, as más condições de trabalho e a falta de um plano de cargos e salários. "As condições são precárias, falta equipamento e material, além do estresse por causa da sobrecarga de trabalho. Para ganhar R$ 2,1 mil, ninguém quer", explicou.

Pelo menos 350 agentes comunitários de saúde, vinculados ao PSF, já trabalham com contratos municipalizados, ainda que temporários – uma tentativa de se livrar das terceirizações. Além do Saúde da Família, o decreto de calamidade permitirá contratar funcionários para o Sistema de Internação Domiciliar (SID) e para o Programa de Pre­­ven­­ção à DSTs/Aids.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]