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Brasília (AE) – Como previsto, a Câmara absolveu ontem o deputado Pedro Henry (MT), ex-líder do PP. Ele obteve a seu favor 255 votos, contra 176 pela cassação, 20 abstenções e 2 brancos. Votaram 453 dos 513 deputados. Henry é o quinto deputado envolvido no escândalo do mensalão que escapa de perder o mandato. Ele foi acusado pelo ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) de ser um dos operadores do esquema de distribuição de recursos para parlamentares da base do governo. Mas nem as CPIs dos Correios e do Mensalão nem o Conselho de Ética conseguiram avançar nas investigações. Por falta de provas, recebeu absolvição no Conselho, confirmada ontem pelo plenário.

Logo que o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), anunciou o início da sessão destinada a julgar Henry, ficou patente a falta de interesse dos deputados a respeito desse processo. Apenas 20 parlamentares achavam-se no plenário e o painel eletrônico registrava o comparecimento de 234 deputados em todo o prédio da Câmara. Nem o relator, Carlos Sampaio (PSDB-SP), estava por perto. O jeito foi improvisar. Aldo Rebelo pediu a Benedito de Lira (AL), que é Conselho, mas também do PP, mesmo partido de Henry, para ler o relatório que opinava pela absolvição do ex-líder do PP.

O discurso de defesa de Henry registrou detalhes curiosos. Ao contrário do que sempre ocorre quando alguém se sente injustiçado, ele não fez referências ao romance clássico "O Processo", de Franz Kafka, em que um certo Joseph K. é processado sem nunca saber por que, tal é o labirinto de leis e procedimentos em que se vê enredado.

Henry recorreu a outra obra de Kafka, "A Metamorfose", em que o personagem Gregor Samsa se dá conta de que foi transformado num enorme e nojento inseto, sem que seja definido qual.

"Desde junho do ano passado, há mais de nove meses, falsas acusações contra meu nome foram lançadas de forma irresponsável à Nação e provocaram em mim e nos meus familiares marcas profundas e indeléveis, tal qual no romance ‘A Metamorfose’, de Franz Kafka, no qual o protagonista dorme humano e acorda inseto Vivi meu pior pesadelo", disse Pedro Henry.

"A aguda lâmina da falsa acusação é um instrumento perverso e de grande poder de destruição, corta a carne e sangra a alma, de forma insana, mata cruel e levemente, provocando intenso sofrimento. Vivi um dia por vez, agarrando-me à fé de que veria a verdade triunfar antes que minha alma fosse abatida" afirmou ele. Henry disse que "a falsa acusação tem poder de destruição, pois condena a pessoa de pronto, sem considerar seu direito de defesa".

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