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Depois da polêmica causada pela autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para o abate de pombas silvestres, o Conselho Estadual do Meio Ambiente formou uma câmara temática para discutir o assunto. A liberação para extinção é válida somente para a espécie Zenaida auriculata – conhecida como "pomba-amargosa" ou "amargosinha" –, em 65 municípios do interior do Paraná. O debate sobre o tema esquentou após Londrina ter autorizado o sacrifício de 50 mil das 170 mil aves da cidade mesmo sem constar da lista.

O objetivo da câmara temática é buscar formas alternativas para o controle populacional dos pombos e solucionar o problema no longo prazo. A primeira reunião da câmara, formada por representantes de diversas secretarias e organizações não-governamentais (ONGs), foi realizada ontem – enquanto um parecer mais abrangente deve sair em 30 dias.

"Esse parecer será discutido no Conselho. A intenção é que ele seja plenamente acatado. Depois disso levaremos a decisão para ser discutida com a comunidade numa audiência pública", diz o secretário-executivo do Conselho, Paulo Roberto Castella. A intenção dos representantes da câmara é tentar implementar uma política pública de controle populacional dos pombos, tanto silvestres, quanto urbanos, da espécie Columba livia. "O abate pode até ser realizado agora, mas não vai adiantar nada se não for implementada uma política eficaz de controle populacional", avalia a presidente da ONG SOS Bicho, Rosana Vicente Gnipper. "Se simplesmente abaterem 50 mil pombos em Londrina, no ano que vem teremos 50 mil novos pombos lá."

Segundo Rosana, "os problemas dos homens, e por eles causados, não podem ser resolvidos exterminado os animais".

Para um controle eficaz, o médico veterinário e técnico da divisão de zoonoses da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), Paulo Araújo Guerra, aponta quatro pontos fundamentais. "É a regra dos quatro ‘As’: dificultar o acesso, abrigo, alimento e a água. Sem isso, só o abate não vai resolver a situação", considera.

Durante a reunião, os integrantes da câmara temática discutiram a instrução normativa do Ibama, que se baseia na Lei 5.197/1967, para permitir "a destruição de animais silvestres considerados nocivos à agricultura ou à saúde pública". "Vamos trazer um médico especializado no assunto na próxima reunião. Mas, pelas informações que eu tenho, não se justifica o abate dos pombos por uma a questão de saúde pública. As doenças transmitidas por eles são ‘oportunistas’, só atingem quem já está debilitado por uma outra doença", diz a bióloga e chefe da divisão de zoonoses da Sesa, Gisélia Burigo Rubio.

"Em relação à agricultura, sabemos que eles têm causado problemas em muitas cidades, mas vamos estudar medidas alternativas", diz a médica veterinária da divisão de defesa sanitária do animal da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab), Aglaci Tomporoski.

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