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Atualizado em 30/11/2006, às 22h01

Quatro dias de monitoramento foram suficientes para que a família de Dona Ilda (nome fictício), de 84 anos, confirmasse a suspeita de que ela vinha sofrendo maus-tratos. As imagens desumanas cedidas à Rede Paranaense de Comunicação (RPC) e veiculadas, nesta quinta-feira, pelo Paraná TV 2.ª Edição, mostram a acompanhante Vera Lúcia de Freitas, 42 anos, que deveria zelar pelo bem da senhora, dando tapas no rosto dela, puxando os cabelos, batendo nas mãos e jogando-as contra o colo de Ilda.

Há três anos, Ilda perdeu o marido com quem vivia 62 anos. Depois disso, a descendente de poloneses entrou em depressão, o que fez com que a diabete se agravasse. Em meados do ano passado, ela teve de amputar parte de uma das pernas e passou a viver em uma cadeira-de-rodas em um apartamento montado junto à casa de um dos cinco filhos. Vera havia sido contratada em setembro de 2005 para tomar conta da senhora 10 horas por dia.

Segundo os relatos de uma das netas que não quis ser identificada, Ilda emagreceu muito nos últimos dois meses. Aos poucos, ela foi ficando mais deprimida, cabisbaixa, quieta, sonolenta e passou a confundir os familiares. "Achamos que era da idade", conta. Ela lembra que dois fatos chamaram a atenção da família sobre a possibilidade de maus-tratos: Vera teve de sair um dia mais cedo para prestar um depoimento no Conselho Tutelar e um dos netos escutou a acompanhante falando em tom áspero com a avó. "Na nossa frente ela sempre foi boazinha, querida. Não tinha como desconfiar", descreve a neta.

Na segunda-feira, dia 20, a família decidiu instalar uma câmera escondida. As imagens eram conferidas diariamente. Na quinta-feira seguinte, foi dado o flagrante. "A gente nunca imaginava que ela sofria esse tipo de agressão", lamenta. Vera foi demitida no início da semana sem saber o motivo. A neta conta que, nesta semana, Ilda voltou a sorrir, cantar e alimentar-se sozinha."A gente está chocado e mais tranqüilo por ter descoberto isso a tempo."

O caso foi levado ao 3.º Distrito Policial (Mercês) e ao Ministério Público. Foram instaurados um procedimento administrativo e um inquérito policial para apurar os fatos. "Só as imagens já são bastante para a prova. É bem revoltante porque ela (Ilda) não tinha como se defender. Podemos ver um castigo que não deixa marcas, mas que já caracteriza crime", conta o delegado Celso Neves. Ele afirma que a agressora deve ser processada com base no Estatuto do Idoso por tratamento desumano, degradante e humilhante e ameaça à integridade física e psíquica da vítima.

A promotora Terezinha Resende Carula, do Ministério Público do Idoso, alerta as famílias para que busquem orientações para oferecer o melhor tratamento aos idosos que têm em casa. "As pessoas devem verificar se o cuidador está capacitado para tomar conta do idoso e se tem vocação para isso. Em casos semelhantes, a família deve procurar as autoridades competentes para que as providências legais sejam tomadas", afirma Terezinha. Vera foi procurada pela Gazeta do Povo. Um amigo atendeu à ligação e disse que ela teria ido para a casa de parentes.

Veja as imagens da agressão na reportagem em vídeo do Paraná TV

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