Aproximadamente 150 caminhoneiros de Quedas do Iguaçu e região bloquearam ruas centrais da cidade na tarde desta quinta-feira (22) em protesto contra a onda de invasões do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) nas terras da Araupel. Todos eles prestam serviço terceirizado à empresa que atua no ramo de reflorestamento e beneficiamento de madeira e estão há 20 dias sem conseguir trabalhar.

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Lair José Simioni, presidente da Cooperativa de Transportes de Cargas de Quedas do Iguaçu (Cotranspel), afirma que integrantes do MST estão impedindo os caminhoneiros de trabalharem e muitos estão em dificuldades financeiras. “Não é só complicada, a situação é desesperadora”, afirmou. Pela manhã, eles já haviam feito um “buzinaço” na cidade, mas depois decidiram bloquear a região central.

Como não são vinculados à empresa, não conseguem receber, diz Simioni. Os caminhoneiros recebem conforme o frete. O valor do transporte é calculado de acordo com o volume transportado. “O MST impede que nós cheguemos até o mato e fecham pontes. Sempre tivemos problemas de ficar parados, mas agora já são 20 dias”, critica Simioni.

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O líder da cooperativa afirma que há muitos caminhoneiros que se encontram em dificuldades para pagar as contas e até tratamento médico de familiares. Alguns estão com mensalidades dos filhos em atraso em faculdades e com dificuldades até na manutenção da própria família.

MST nega

O MST negou que tenha impedido os caminhoneiros de entrarem nas terras da empresa e afirma que tem interesse de que os caminhões retirem a madeira o mais rápido possível. De acordo com Rudmar Moeses, um dos coordenadores do movimento na região, a única proibição foi a entrada acompanhada por seguranças privados armados, os quais o movimento chama de “milícia armada”. Segundo Moeses, o movimento já denunciou o caso ao Ministério Público.

Tensão

O clima de conflito agrário tem se acentuado a tensão na região de Quedas do Iguaçu. No início do mês, o MST fez um protesto e fechou simultaneamente três rodovias na região, inclusive a BR-277, a mais importante do estado e que liga Foz do Iguaçu a Paranaguá cruzando o Paraná de Leste a Oeste. Após negociações com representantes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), o grupo desbloqueou as estradas após mais de 48 horas.

Na semana passada, o Incra e a Advocacia Geral da União (AGU) entraram com uma nova ação pedindo a nulidade de títulos de outra área da Araupel para fins de reforma agrária. A ação judicial seria um dos itens do acordo para pôr fim ao bloqueio às rodovias.

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