• Carregando...

A inclusão social dos portadores de deficiência física, sensorial e cerebral, tema da Campanha da Fraternidade deste ano, promovida pela Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), passa por uma revisão da própria estrutura física das capelas e igrejas católicas. Em Curitiba e região metropolitana, muitas paróquias não têm rampas ou acessos facilitados para fiéis que utilizam cadeiras de rodas. Banheiros adaptados e vagas exclusivas no estacionamento são uma raridade.

Uma dificuldade a mais para pessoas acostumadas à discriminação arquitetônica dos meio-fios e das calçadas irregulares. "Entrar na igreja pela frente é quase sempre impossível para o deficiente físico. Geralmente o acesso é lateral. É comum a porta estar fechada e ninguém achar a chave", diz o presidente da Associação dos Deficientes Físicos do Paraná (ADFP), Mauro Vincenzo Nardini.

A Arquidiocese de Curitiba reconhece o problema e aproveita o tema da campanha para tentar mudar essa situação. "Muitas de nossas igrejas não estão preparadas para receber os deficientes, assim como a sociedade de modo geral também não está", diz o padre Ricardo Hoepers, coordenador da Campanha da Fraternidade na Arquidiocese de Curitiba. "Temos que conhecer para mudar."

Desde o lançamento da campanha – cujo tema é "Levanta-te e vem para o meio"– , na Quarta-feira de Cinzas , o padre tem organizado encontros pastorais para levar mais informação às paróquias.

Auto-ajuda

Mas as mudanças têm mão-dupla. "Temos de tomar a iniciativa e nos incluirmos na sociedade. Sabemos de famílias que vão à igreja e deixam o filho deficiente em casa por causa do preconceito, com medo que ele seja apontado ou observado", diz Nardini. Para padre Ricardo, o fim da discriminação passa pela difusão do conhecimento sobre o que é a deficiência. "Nossa proposta é fazer as pessoas conhecerem a dificuldade que um cadeirante tem para andar sem uma rampa ou a que um surdo tem sem um intérprete (de sinais). É esse trabalho de sensibilização que faremos até a Páscoa."

Depois disso, a Igreja pretende agir na estrutura arquitetônica para facilitar o acesso dos fiéis. O que passa por um mapeamento da estrutura física das 156 paróquias da Arquidiocese, que compreende Curitiba, 19 cidades da região metropolitana e outros 4 municípios, para descobrir quais necessitam de modificações. "Pretendemos visitar todas as igrejas, ver a situação e posteriormente viabilizar uma adaptação", afirma. Para Nardini, é grande a possibilidade de que a maior parte das igrejas de Curitiba precise de adaptações.

As obras de novas igrejas, no entanto, já estão nos padrões adequados. O projeto da Paróquia São Jorge, na Cidade Industrial, por exemplo, prevê a construção de duas rampas, uma de acesso à porta principal e outra lateral, e banheiros adaptados para cadeirantes, além de vagas exclusivas no estacionamento. "A nova igreja terá 2.200 metros quadrados e terá capacidade para 850 pessoas", diz o pároco Marcos Dabkowski. A inauguração deve ocorrer em agosto de 2007, quando a paróquia completará 40 anos." As obras começaram em novembro de 2004, com bênção especial do então papa João Paulo II. "A pedra fundamental foi retirada do túmulo de São Pedro, no Vaticano, e enviada pelo papa."

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]