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Brasília (AE) – Com a crise que desmascarou o caixa 2, tradicionais doadores de campanhas eleitorais estão ressabiados, os magos da publicidade, fora do jogo, e os candidatos, atônitos. Resultado: o PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PSDB do prefeito José Serra (SP) e do governador Geraldo Alckmin (SP) já se preparam para novos tempos de disputa, com menos dinheiro na praça. Levantamento feito com publicitários habituados trabalhar na área indica que, com toda essa turbulência, o custo do pacote de marketing nas eleições de outubro cairá 30%. Mesmo assim, continuará na estratosfera: especialistas calculam que uma campanha para presidente da República não sairá por menos de R$ 70 milhões.

Pressionados pelo escândalo, deputados e senadores assumiram o discurso do ajuste nas contas depois que a casa foi arrombada. E a Câmara procura a duras penas chegar a um acordo para votar, nesta semana, medidas que tentam disciplinar a confusão e coibir o abuso do poder econômico, com a tesourada compulsória nos gastos de propaganda.

Se o projeto for aprovado, estão com os dias contados os showmícios – onde a estrela é o artista, e não o candidato –, e a distribuição de brindes, como camisetas, chaveiros e bonés. Ficam proibidas, ainda, as faixas e os outdoors. Para jogar o holofote sobre as campanhas, a proposta é que doações e despesas tanto de partidos como de candidatos, sejam divulgadas pela internet.

Seguidores da máxima do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares – para quem "transparência demais é burrice" –, os parlamentares resistem, porém, a produzir um texto que obrigue os candidatos a revelar online os nomes dos doadores. No máximo, só depois da eleição. E olhe lá. "Ninguém vai esconder quem doou mas não tem cabimento identificar essa pessoa e deixá-la sujeita a pressões e retaliações ao longo de toda a campanha", justifica o deputado Moreira Franco (PMDB-RJ), relator do projeto. Outra polêmica: líderes dos partidos brigam para não estabelecer um único teto de gastos para diferentes campanhas – neste ano estão em disputa as cadeiras de presidente, governadores, senadores e deputados.

Novas regras

Depois de consultar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), Moreira Franco decidiu "enxugar" o projeto já aprovado pelo Senado, para que as novas regras possam valer para a próxima eleição. Diante das limitações legais, a proposta que vai a voto no plenário da Câmara é bem mais tímida do que a do senador Jorge Bornhausen (SC), presidente do PFL, que cortava pela metade o período do odiado horário gratuito no rádio e na tevê. "É uma coisa de emergência, do tipo Alcoólicos Anônimos, para parar de beber na marra", compara o líder do PSDB no Senado Arthur Vírgílio (AM).

O próprio Bornhausen concorda. "A Câmara está se adaptando às circunstâncias do prazo", observa. Questionado se o caixa 2 vai acabar depois disso, o presidente do PFL responde com outra pergunta: "O Código Penal acaba com o homicídio?" Para ele, o importante é "restringir ao máximo a possibilidade de burla, com penas mais duras e fiscalização".

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