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Se a insuficiência renal de Daniel Ivair de Oliveira Demifki, 39 anos, tivesse sido identificada antes, provavelmente hoje o ex-estudante de Ciências Contábeis teria outra vida. Há quatro anos, Demifki descobriu que por causa de um cálculo renal incomum o rim direito estava atrofiado. Hoje, com apenas 8% de funcionamento do rim esquerdo, as três sessões semanais de três horas e meia de diálise – processo mecânico de filtragem do sangue – não permitem que ele trabalhe.

Para diagnosticar problemas renais a tempo e evitar casos como o de Demifki, a Fundação Pró-Renal lança em 1.° de março (em comemoração ao Dia do Rim, no dia 9 do mesmo mês) campanha de popularização do exame de creatinina. Eventos culturais beneficentes e veiculação de anúncios institucionais se estenderão durante o ano.

A creatinina é uma substância resultante do metabolismo da creatina (proteína encontrada nos músculos). Ela é filtrada pelos rins, mas no caso de insuficiência renal se acumula no sangue. Um simples exame de sangue pode identificar se a quantidade de creatinina no corpo é compatível com o sexo, idade e massa muscular da pessoa. Se a creatinina estiver em valor elevado no sangue, significa que a função renal está deficiente e o paciente deve ser encaminhado a um especialista para exames complementares (ver infográfico). "A creatinina é um bom marcador da função do rim, pois não depende muito da alimentação", explica o nefrologista e presidente da Fundação Pró-Renal, Miguel Carlos Riella.

A medida preventiva também evitaria gastos públicos. Dado da Sociedade Brasileira de Nefrologia aponta que pacientes em diálise nos 550 centros cadastrados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) consomem um R$ 1 bilhão todos os anos. Segundo dados da Fundação Pró-Renal, de cada 10 pessoas, 7 portam algum tipo de doença renal e não sabem.

Diabetes e pressão alta são dois fatores de risco que podem causar insuficiência renal. Mas não só os que sofrem dessas doenças devem se preocupar. "A insuficiência renal é uma doença silenciosa e traiçoeira. Geralmente, os sintomas só aparecem depois que o rim já perdeu 75% da função. Aí não há outro jeito: diálise e transplante", informa o médico.

E é nesse estágio que a maioria dos pacientes busca ajuda. "Com o exame, pretendemos detectar lesões de 10 a 30% dos rins", afirma Riella. "Se eu tivesse feito exames antes talvez não precisasse estar nessa situação hoje", desabafa Demifki.

O diagnóstico precoce pode dar grandes chances de o paciente controlar e até adiar por vários anos os sintomas mais graves da doença. O que impede traumas emocionais de pacientes submetidos às sessões de diálise, além de ajudá-los a ter uma qualidade de vida próxima do normal.

De acordo com o presidente da Fundação Pró-Renal, a intenção da campanha, que tem como slogan "Creatinina – Você sabe como está a sua?", é, além de popularizar o termo, conscientizar a população para que passem a exigir dos médicos que o exame seja pedido também ao se fazer check-up rotineiro. "Queremos atingir não só a população em geral, mas também os médicos, para que eles passem a pedir a dosagem de creatinina junto com outros exames que normalmente já solicitam", afirma Riella.

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