O Brasil tem 900 mil caminhoneiros, segundo dados de 2001 da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), que transportam 60% das cargas no país e movimentam a economia brasileira. Mas uma parcela bem pequena, é verdade agrava um problema social exposto à beira da estrada. Estes estão no grupo dos que exploram sexualmente crianças e adolescentes. Para convertê-los de exploradores a protetores de meninos e meninas, o instituto WCF-Brasil, braço da World Childhood Foundation, criado pela rainha da Suécia, lançou nesta semana o Programa Na Mão Certa.
O marco orientador do programa será uma pesquisa do núcleo de pós-graduação em psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que ouviu 239 caminhoneiros (22,2% paulistas, 19,7% catarinenses, 17,7% paranaenses e 12,6% gaúchos). Quase metade (44,6%) tem relações sexuais nas estradas, em geral com prostitutas, e mais de um terço (36,8%) já saiu com crianças e adolescentes. Menos de 3% disseram procurar por sexo. O que faz aumentar o interesse é a oferta de sexo barato nos locais de parada.
A Polícia Rodoviária Federal identificou 1.222 pontos de exploração sexual nas rodovias federais, entre elas as BRs 277 e 280, no Paraná, o segundo estado do país em número de postos de combustíveis e biroscas de beira de estrada onde as vítimas deste negócio se incorporam a uma triste estatística. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima em mais de 100 mil o número de crianças exploradas sexualmente no Brasil. O Programa Na Mão Certa, planejado até 2010, tem três frentes: articular a cooperação entre o poder público, a iniciativa privada e o terceiro setor; a educação para transformar os caminhoneiros em agentes de proteção das crianças e dos adolescentes; melhorar o sistema de proteção à infância fortalecendo as organizações que prestam atendimento. A diretora executiva do WCF-Brasil, Ana Maria Drummond Chicarino, explica que a síntese do programa é a "busca de respostas efetivas, construídas a partir de uma grande aliança intersetorial".
Como parte do pacote de ações, o WCF-Brasil e o Instituto Ethos lançaram um pacto empresarial para envolver as empresas no esforço de eliminar a exploração sexual infanto-juvenil nas rodovias. Elas se comprometem a não admitir em suas dependências, na sua frota de veículos ou em algum elo de sua cadeia produtiva qualquer tipo de violação dos direitos da criança. Entre as 60 empresas que já assinaram o pacto estão a Itaipu Binacional e a Caminhos do Paraná S/A.
-
Censura clandestina praticada pelo TSE, se confirmada, é motivo para impeachment
-
“Ações censórias e abusivas da Suprema Corte devem chegar ao conhecimento da sociedade”, defendem especialistas
-
Elon Musk diz que Alexandre de Moraes interferiu nas eleições; acompanhe o Sem Rodeios
-
“Para Lula, indígena só serve se estiver segregado e isolado”, dispara deputada Silvia Waiãpi
Justiça suspende norma do CFM que proíbe uso de cloreto de potássio em aborto
Relatório americano expõe falta de transparência e escala da censura no Brasil
STF estabalece regras para cadastro sobre condenados por crimes sexuais contra crianças
Órgão do TSE criado para monitorar redes sociais deu suporte a decisões para derrubar perfis