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Granizo destruiu o telhado da casa de Rosilene: outros 3,6 mil imóveis foram danificados | Henry Milleo/ Gazeta do Povo
Granizo destruiu o telhado da casa de Rosilene: outros 3,6 mil imóveis foram danificados| Foto: Henry Milleo/ Gazeta do Povo

Doações

Saiba como ajudar Campo Largo com donativos. Os itens mais necessários são telhas, lonas, colchões e cobertores, alimentos, água e produtos de limpeza e higiene pessoal.

Corpo de Bombeiros ou Defesa Civil: (41) 3210-2707 ou 3292-3144.

Centro da Juventude: Avenida Ademar de Barros, esquina com a XV de Novembro. Informações: (41) 3292-3487.

Prefeitura de Campo Largo: doações em dinheiro para conta da Caixa Econômica Federal – agência 0385; conta 1-2; CNPJ 76105618/0001-88.

Sobreviventes

Depois da destruição causada pela chuva, moradores e profissionais tentam recomeçar com o pouco que restou.

Em uma ruela do centro, uma pequena garagem acomoda 14 pessoas desde sexta-feira à noite. O abrigo improvisado foi a única alternativa que restou a João Batista Vesolosqui, 43 anos, e sua família: as quatro casas que dividem um mesmo terreno foram fortemente atingidas pelo granizo e tiveram o telhado e o forro quase que completamente arrancado. Três dias depois, a família tentava pôr a vida em ordem em meio ao caos de entulhos, telhas quebradas e restos de móveis que se acumulavam no terreno. Perplexo, João buscava uma explicação mais palatável para a tragédia. "Todo mundo estava bem, em casa, e de repente todo mundo estava sem nada. Mas é a natureza, não se pode fazer nada, não tem como se prevenir contra isso", concluiu. João prevê pelo menos 60 dias de trabalho pesado para reerguer as quatro casas destruídas.

Ontem, a equipe da empresa de recolhimento de entulhos enchia o segundo caminhão de móveis perdidos pela Escola Campo Largo ERCE, instituição filantrópica que, por meio de convênio com o município e o estado, atende apenas crianças com deficiência. Menos de dois anos após a dura recuperação de uma enchente que comprometeu seriamente a estrutura da escola, o local foi novamente atingido. E em cheio: o telhado foi completamente destruído em alguns pontos; o forro estragado por danos no encanamento; sem contar as mesas, cadeiras e armários, irrecuperáveis. "É desesperador. Sofremos tanto para reconstruir da outra vez. Era tudo novo, com menos de dois anos. Dessa vez não sobrou uma sala seca", lamentou Andréa Haas, diretora da escola. Na sexta-feira, houve recesso na escola por causa do Dia do Professor. As atividades devem ser retomadas em 15 dias.

  • Voluntários ajudam a organizar doações recebidas no Centro da Juventude
  • Voluntários ajudam a organizar doações recebidas no Centro da Juventude
  • Voluntários ajudam a organizar doações recebidas no Centro da Juventude
  • Escola Campo Largo ERCE, que atende crianças com deficiência, foi destruída pela chuva
  • Escola Campo Largo ERCE, que atende crianças com deficiência, foi destruída pela chuva
  • Cerca de 3,6 mil imóveis de Campo Largo foram destruídos
  • Móveis e objetos destruídos pela chuva se acumulam em calçadas em Campo Largo
  • Alcides Ferreira de Souza na sua casa, que foi destruída pela tempestade
  • Rosilene de Freitas com o pouco que restou em sua casa
  • Ovidio Nogueira, dono de uma oficina de lataria, teve prejuízo de cerca de R$ 70 mil com a chuva. A oficina foi inaugurada há dois meses
  • – Nem os prédios da administração pública de Campo Largo escaparam da destruição causada pelo granizo
  • Telhado da prefeitura também foi danificado pelo temporal

"Só não repare no meu novo teto solar", disse Rosilene de Freitas, 43 anos, agarrando-se ao otimismo diante de um cenário desolador: a pequena casa em que morava foi des­­truída pela forte chuva de granizo que atingiu Campo Largo na sexta-feira à tarde. Pouco dos móveis foram salvos; do telhado, nem uma única telha. "Quando as telhas começaram a cair, me cobri com um cobertor e corri para fora, não consegui carregar nada", contou.

SLIDESHOW: Veja fotos dos estragos provocados pela chuva

A situação enfrentada por Rosilene se repete em vários bairros da cidade. O granizo atingiu 3,6 mil imóveis, inclusive o centro administrativo, cujos prédios seguem cobertos por lonas e os serviços municipais, suspensos. Os prejuízos são estimados em R$ 12 milhões apenas com bens públicos.

A cidade toda está mobilizada. O Centro da Juventude, ponto de apoio para o recebimento e distribuição de donativos, tem uma equipe de 600 voluntários. Até ontem, mais de cinco mil pessoas já haviam sido atendidas, sem contar a lista de espera por lonas, telhas e colchões.

A falta de lonas e telhas era motivo de preocupação, pois centenas de casas permaneciam descobertas. A escassez dos produtos gerou uma série de queixas contra a prática de preços abusivos, levando o Procon a montar uma espécie de central de atendimento para orientar os moradores sobre como agir nesses casos.

"O que dá para perceber é que não temos experiência nesse tipo de desastre. E é uma experiência muito difícil, dura, mas que vai nos deixar um ensinamento para o futuro", disse o prefeito do município, Affonso Guimarães. Hoje pela manhã, ele encontrará o governador Beto Richa para discutir apoio e liberação de verba para a reconstrução do município.

Apesar de ter a situação mais crítica, não é só Campo Largo que foi afetada. Outras 12 cidades do Paraná registraram estragos, de acordo com boletim da Defesa Civil: Almirante Tamandaré, Curitiba, Campo Magro, Francisco Beltrão, Honório Serpa, Mercedes, Palmas, Piraquara, Ponta Grossa, São José dos Pinhais, Renascença e Terra Boa.

De acordo com o Co­­­man­­dante do Corpo de Bom­­­beiros de Campo Largo, tenente Carlos Eduardo Klein, pelo menos 110 mil pessoas foram prejudicadas pela chuva de granizo. Serviços básicos, como fornecimento de energia elétrica e abastecimento de água, foram interrompidos e só devem ser normalizados hoje.

Por causa de estragos na estrutura das escolas, as aulas foram suspensas em 16 instituições públicas, deixando cerca de cinco mil crianças sem aula pelo menos até amanhã. Uma unidade de saúde e dois hospitais particulares também fecharam as portas, sobrecarregando o Centro Médico Hospitalar enquanto não recebem novos pacientes.

Chuva dá trégua

Um alento para todos que foram prejudicados pela chuva: pelo menos até quinta-feira não há previsão de tempestades para a região de Curitiba. Segundo o meteorologista do Simepar Tarcísio Valentim da Costa, hoje pela manhã ainda há a possibilidade de breves pancadas , mas à tarde o céu nublado dá lugar a um sol tímido, que deve perdurar por todo o dia.

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