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A incidência de câncer de pulmão tem aumentado entre as mulheres. É o que mostram os dados da última edição dos Registros de Base Populacional, levantamento coordenado pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), no Rio, que avaliou a ocorrência de tumores em 16 capitais brasileiras no período de 2000 a 2005.

Em Porto Alegre, por exemplo, a incidência saltou de 16,11 casos para 100 mil mulheres no levantamento de 2003 – que analisou dados de 1995 a 2000 – para 23,32 por 100 mil mulheres no relatório atual. Em Goiânia, a mesma taxa de incidência aumentou de 9,5 para 13,26. João Pessoa, na Paraíba, cidade brasileira com menor número de tumores registrados, também observou um aumento na taxa: de 2,3 para 5,37 por 100 mil mulheres.

São Paulo teve uma discreta di­­minuição. Caiu de 12,6 para 11,5. Mas, em 1991, na primeira edição do relatório, a capital paulista apresentava uma taxa inferior a 8 casos por 100 mil mulheres. Recife apresentou comportamento se­­melhante: a taxa de incidência passou de 9,1 para 8,38. Em 1991, não chegava a 6.

Os dados confirmam a preocupação dos órgãos de saúde pública com o tabagismo feminino. Neste ano, a Organização Mundial da Sa­­ú­­de (OMS) escolheu o tema Gê­­ne­­ro e Tabaco com ênfase no mar­­keting para mulheres para as atividades comemorativas do Dia Mun­­dial sem Tabaco (31 de maio). "As mu­­lhe­­res começaram a fumar mais tarde", aponta Luiz Antonio San­­ti­­ni, diretor-geral do Inca. "Por isso agora que começam a estabilizar e até a cair o câncer de pulmão entre os homens, a incidência aumenta entre as mulheres."

Paulo Hoff, diretor-clínico do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), chama o aumento da incidência do câncer de pulmão de "lado obscuro da emancipação feminina", pois, com os benefícios conquistados, também se tornou mais comum o tabagismo feminino.

Em países ricos, a incidência do câncer de pulmão nas mulheres já se tornou praticamente igual à incidência da doença entre homens. Hoff recorda, no entanto, que o tumor só se manifesta décadas depois do início do hábito de fumar. "O que vemos agora é reflexo das décadas de 70 e 80."

Mas Santini sublinha que o ta­­ba­­gismo tem se tornado mais co­­mum entre as jovens. "Talvez por um desejo de autoafirmação", pon­­­­dera o médico. "A indústria do tabaco soube, de forma inteligente, criar mecanismos para aproximar o vício dos jovens em festas e raves." Dados divulgados em agosto pelo Inca e pelo Instituto Bra­­si­­lei­­ro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que 17,5% dos bra­­sileiros fumam. Entre os ho­­mens, o porcentual é de 22%. Entre as mulheres, 13,3%.

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