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Nada de viagens surrealistas e outras bizarrices que fazem a alegria do leitor nessa época de correção das redações do vestibular. Em entrevista coletiva concedida ontem, a equipe responsável pela avaliação dos 12.542 candidatos da Pontifícia Universidade Católica (PUCPR) preferiu dar visibilidade à ligeira melhora no nível dos textos em relação aos anos anteriores.

A prova de Redação da PUC estava ecologicamente correta. Pedia dois textos curtos, de no máximo 13 linhas – ambos sobre questões ambientais. No primeiro, argumentativo, o aluno devia responder se os países devem ou não aderir a um acordo para a redução de gases na atmosfera. No segundo, os candidatos precisavam interpretar os dados de duas tabelas publicadas pela Gazeta do Povo em junho de 2004 sobre espécies animais em risco de extinção e as principais ameaças. E, a partir daí, criar um texto interpretativo, como se fosse publicado em um jornal ou em uma revista.

"A proposta desse ano foi um incentivo à argumentação, dando margem a releituras dos temas apresentados. Notamos uma evolução, de um modo geral os estudantes conseguiram fazer uma leitura competente e um registro bem satisfatório", resume a professora Marcella Lopes Guimarães, que integra a comissão. "Eles souberam se posicionar, dentro dos limites de repertório da idade", acrescentou.

Até ontem pela manh㠖 a correção seria concluída à tarde – a equipe tinha concedido um duplo 10, e nenhum aluno havia zerado as duas questões. A média estava entre 5 e 7, considerada normal. Entre as principais limitações detectadas pelos corretores estava a repetição das informações do enunciado, em forma de paráfrase. "No segundo tema, a dificuldade maior foi fazer uma leitura cruzada das duas tabelas e interpretá-las colocando informações adicionais", observa Maria Cristina Monteiro, que corrigiu principalmente os textos da segunda questão.

Na primeira questão, conforme constatou Marcella Lopes, o que transpareceu foi uma certa fragilidade na argumentação. "Eles se posicionaram, transcenderam as informações da prova, mas apresentaram os argumentos de uma forma acanhada", explicou.

Os professores também chamaram a atenção para os critérios de avaliação. "Optamos por dar um valor maior ao conteúdo, à capacidade argumentativa e de exposição das idéias, deixando o rigor ortográfico em segundo plano. Parece que alguns erros se deviam à tentativa de o estudante empregar um vocábulo que não conhecia", analisa Maria Cristina. "Procuramos valorizar a construção, e não se o aluno trocou um ‘ss’ por ‘ç’. Para isso existe o [editor eletrônico de texto] Word. É mais fácil aprender a escrever do que a pensar", emenda a professora Marlise Sapiecinski.

Entre os aspectos positivos, os professores destacaram um preparo maior e referências mais abrangentes, relativas a outras áreas do conhecimento. "Muitos demonstraram conhecimentos de Geografia, Química, Física. E também pareciam a par do noticiário e de questões atuais, sabiam explicar e conceituar o protocolo de Kyoto, manifestaram uma mentalidade preservacionista e uma preocupação com o meio ambiente", comenta o coordenador da equipe, professor Jayme Bueno.

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