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Apresentadores e comentaristas de programas de rádio e tevê que serão candidatos nas eleições deste ano estão se despedindo do público nesta semana. A nova lei eleitoral aumentou o tempo de desligamento dos comunicadores de 60 para 90 dias antes do pleito de outubro. Para alguns, o recesso vai ser um pouco superior a três meses. Pelo novo texto da lei, o candidato deve se afastar do programa que apresenta assim que o partido homologar sua candidatura.

As convenções devem ser realizadas até esta sexta-feira. A do PMDB, por exemplo, foi no último sábado e fez com que o radialista Algaci Túlio se despedisse de seus ouvintes. Radialista há 50 anos, o candidato a deputado estadual considera a lei injusta. "É um processo anti-democrático porque todos os demais profissionais que são candidatos não têm nenhum tipo de impedimento para exercer suas profissões", diz. "Os ocupantes de cargos eletivos permanecem nas funções, só não podem participar de inaugurações", afirma Túlio, que acredita que os comunicadores são prejudicados porque a classe é pouco organizada.

O apresentador de televisão Roberto Hinça, vereador de Curitiba pelo PDT, também se despediu no sábado de seus telespectadores no programa semanal transmitido à noite. Falou ao seu público que o motivo era a legislação eleitoral. Ele é pré-candidato a deputado estadual. "O programa não tem caráter nada político e sim exclusivamente artístico. Mesmo assim, oficializando minha candidatura, tive que me despedir. Fazer o quê? Não dá para ir contra a lei", disse Hinça. Ele não terá substituto. A emissora resolveu tirar o programa do ar nos três meses que dura a campanha e em outubro ele volta. Durante esse tempo, entra a programação nacional do canal de tevê.

Pela regra anterior, os comunicadores precisavam se afastar das emissoras no início de agosto. O argumento para a antecipação do afastamento dos comunicadores é de que eles teriam privilégio por estar mais expostos na mídia do que outros concorrentes nas eleições.

Caso o candidato volte a aparecer no programa, mesmo como comentarista, pode ter o registro da candidatura cassado. Também não pode aparecer em propaganda de qualquer produto durante os três meses de campanha.

O radialista e deputado estadual Luiz Carlos Martins (PDT) concorda com a mudança da lei. "Sou radialista que virei político, mas tem muita gente que usa o rádio, cai de pára-quedas em uma rádio para tentar se eleger", diz. "Quem está em um programa de rádio tem privilégio. Se bem que ser radialista não é sinônimo de eleição garantida", afirma Martins, que sai do ar amanhã para concorrer à reeleição.

O radialista e apresentador Jocelito Canto (PTB) despede-se de seu público hoje. Deputado estadual, ele é candidato a deputado federal. O programa de tevê, transmitido nos fins de semana, vai ficar fora do ar no período eleitoral. Já seu programa de rádio, transmitido em Ponta Grossa diariamente, terá um apresentador substituto. "Os ouvintes ficam chateados, já que estão acostumados com o meu jeito, com a minha voz, no programa que apresento há 15 anos", diz Canto. Ele considera a nova lei "desleal" com os comunicadores.

O deputado estadual londrinense Barbosa Neto (PDT) despediu-se dos ouvintes na segunda-feira. A convenção estadual do PDT ocorre somente amanhã, mas ele pretende viajar ao Rio de Janeiro para discutir com as lideranças nacionais do partido seu futuro político. Barbosa diz que ainda não decidiu se será candidato à reeleição, à Câmara Federal ou ao Senado.

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