A reforma psiquiátrica iniciada em 2001 estimula a redução de leitos psiquiátricos nos hospitais, o que levou os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) a centralizarem o atendimento às pessoas com transtornos mentais. O problema é que o número e muitas vezes a estrutura dos Caps não são suficientes para atender à demanda. As pessoas que sofrem para conseguir um leito psiquiátrico durante uma crise ou para algum familiar seguem penando depois, para dar continuidade ao tratamento.
A situação do vigilante Pedro (nome fictício), 40 anos, é um retrato desse ciclo. Com problemas com o álcool desde os 13 anos, Pedro, que é natural do Pará, já está na quarta internação, na Associação San Julian, em Piraquara. Ele conta que tem medo de sair porque nas três vezes anteriores não conseguiu vaga no Caps AD (preparado para atender dependentes químicos) de São José dos Pinhais, onde mora com a esposa e a filha.
"Nessa última vez fiquei dois meses esperando por uma vaga, nesse meio tempo tive uma recaída e tive de ser internado novamente. Dessa vez até pedi um prolongamento do tratamento. Só quero sair daqui quando houver vaga para mim no Caps". João diz que não pode ficar de "cabeça vazia", e que por isso precisa de cuidado contínuo.
A assessoria da prefeitura de São José dos Pinhais informou que há uma ano e meio a política de atendimento e a direção do Caps AD da cidade mudaram. Segundo a prefeitura, não há número restrito de vagas e quem chega é atendido. A assessoria alegou que Pedro esteve na instituição pela última vez em março de 2008, período em que ainda existia a política de vagas, e que agora ele não enfrentará o mesmo problema.
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