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Na tentativa de convencer o júri a condenar os 25 réus que estão sendo julgados nesta semana pelo massacre do Carandiru, o promotor Eduardo Olavo Canto pediu para que os sete jurados fossem agentes de mudança social. Citou os protestos que pedem o fim da corrupção e disse que o julgamento é ideológico.

"Vamos parar de dourar a pílula? Vamos direto ao ponto? Esse júri é ideológico. As provas são claríssimas. Os policiais mataram e alteraram a cena do crime", disse. "Sejam agentes de mudança social. Vamos buscar novos rumos", acrescentou Canto.

Durante duas horas de explanação, Canto relatou parte da ficha corrida dos 25 réus que estão sendo julgados. Segundo levantamento feito pela promotoria na Justiça Militar, esses policiais se envolveram em 300 casos de resistência seguida de morte. São ocorrências que, segundo alegaram, mataram criminosos após reagirem ao ataque deles. Apenas um desses 25, o sargento Silvério Benjamin, foi condenado por um homicídio. Os demais tiveram seus casos arquivados pela Justiça Militar.

O que mais se envolveu em casos como esse, conforme o promotor Canto, foi o tenente-coronel Carlos Alberto dos Santos, que esteve em 33 casos.

O promotor apresentou ainda uma reportagem de TV que relatava que um garoto de 14 anos foi torturado, em 1996, por três dos policiais que estão sendo julgados, o tenente-coronel Santos, o sargento Carlos Alberto Siqueira e o soldado Raphael Rodrigues Pontes. Por conta da demora no julgamento desse caso, o crime prescreveu e os policiais não foram punidos.Canto disse também que a condenação servirá de exemplo. "A condenação dos réus vai retirar uma mancha da PM. Vai reabilitá-la."

Outra tese defendida pelo Ministério Público é que o massacre do Carandiru contribuiu para a criação da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).

Esses 25 PMs estão sendo julgados hoje (2) por 73 homicídios ocorridos no segundo andar do pavilhão nove do Carandiru, em 2 de outubro de 1992. O Ministério Público pediu a absolvição deles por 21 assassinatos porque, segundo os promotores, não havia provas que ligassem esses PMs aos casos. A previsão é que a decisão seja dada na madrugada de amanhã.

Desde as 21h, a advogada Ieda Ribeiro de Souza, defensora dos réus, está falando aos jurados. Ela tem duas horas para apresentar a defesa dos policiais.

Essa é a segunda etapa do julgamento do massacre. A primeira fase aconteceu em abril e resultou na condenação de 23 PMs. Apenas três policiais foram absolvidos na ocasião - sendo dois porque não haveria indícios de participação e outro que teria agido em outro andar do presídio.

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