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Em blitze, polícia encontra diversos carros de luxo clonados | Chistian Rizzi/ Gazeta do Povo
Em blitze, polícia encontra diversos carros de luxo clonados| Foto: Chistian Rizzi/ Gazeta do Povo

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Vítima fez plantão na fronteira, sem sucesso

João (nome fictício) tentou de tudo para recuperar o C4 Pallas roubado por volta das 23h30 do dia 4 de março, no centro de Foz do Iguaçu. Com ajuda de familiares e amigos, fez plantão durante três noites e dois dias na Ponte da Amizade, ligação entre Brasil e Paraguai, um dos pontos em que a polícia mais apreende carros roubados. Também entrou em favelas da cidade, mas não conseguiu recuperar o carro, que estava sem seguro.

Ele desconfia que o veículo está sendo usado por muambeiros porque o automóvel não é o tipo do carro cobiçado pelo comércio ilegal de veículos no Paraguai. Agora, conta com a sorte do carro ser apreendido pela polícia ou Receita Federal.

A vítima foi assaltada por dois jovens, ao sair de uma pizzaria. Depois de perder o veículo, João prestou queixa, mas não ficou satisfeito com o atendimento prestado.

Automóveis luxuosos e de grande porte estão na mira de ladrões e contrabandistas no Paraná. Dos 47 veículos recuperados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) na região de Foz do Iguaçu, neste ano, 37% correspondem a caminhonetes, vans e pick-ups cabine dupla. Ao longo de 2011, dos 218 carros que voltaram para as mãos dos proprietários, 14,7% eram de veículos com as mesmas características.

O aumento das apreensões nesse ano indica que o roubo desse tipo de veículo tornou-se mais frequente. E o crescimento das estatísticas está relacionado ao contrabando. Parte da frota de caminhonetes, pick-ups, carros com bagageiro grande e motor potente é roubada para ser usada no transporte de mercadorias contrabandeadas ou drogas, segundo a polícia. Na fronteira, as apreensões de veículos carregados com produtos eletrônicos, cigarros e drogas são diárias, o que estimula as quadrilhas a partir para o roubo de carros para repor a frota.

O inspetor chefe da PRF em Foz do Iguaçu, Luiz Antônio Gênova, diz que, quando não são usados no transporte de mercadorias, as quadrilhas vão com os veículos para o Paraguai. "Um parte é levada para lá, outra usada na muamba", afirma.

Os roubos não se limitam à região da fronteira. Veículos tomados de assalto em Curitiba também vão parar na rota da muamba. "Temos recebido ofícios da Receita Federal informando que carros foram encontrados transportando mercadorias ou drogas", diz o delegado Marco Antonio de Goes, titular da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos da capital.

As polícias rodoviária federal, estadual e a Receita Federal são as que mais apreendem carros usados por muambeiros. A PRF interceptou em Foz do Iguaçu uma van, roubada em Santa Catarina, que era usada por contrabandistas. Para tentar driblar os policiais, a quadrilha caracterizou o veículo como se fosse de uma empresa de Foz do Iguaçu que, na verdade, não existe.

Clonagem

Outras artimanhas são usadas, como a clonagem: os ladrões roubam o carro e colocam placas de outro veículo da mesma cor, modelo, marca e ano que circula normalmente. Assim, se forem parados em blitz com o veículo, não serão incomodados.

Na semana passada, a PRF recuperou um veículo da marca Ágile. No entanto, a identificação partiu da própria vítima. Uma família, que trafegava na BR-277, sentido Foz do Iguaçu, foi ultrapassada pelo carro, de placa e cor idênticas. A polícia foi avisada e parou o veículo no posto de Céu Azul.

Violência

Na fronteira, é comum as quadrilhas agirem com violência para roubar os veículos. Com chaves codificadas, os carros são levados em assaltos à mão armada, nas ruas. Bandidos também entram nas casas das vítimas, as fazendo de refém. "A maioria dos assaltantes age em dois ou três. Presume-se que eles sabem da rotina das pessoas", diz o delegado da Polícia Civil de Foz do Iguaçu, Geraldo Evangelista de Souza Júnior.

Em alguns casos, as vítimas são mantidas sob a mira de armas até a quadrilha ter a certeza de que o carro chegou ao destino final – ao Paraguai ou a algum depósito de veículos roubados em Foz do Iguaçu. No Paraguai, os automóveis são vendidos no "comércio negro."

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