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O cartão encontrado com o traficante Éder Conde deu início à investigação | Divulgação PF
O cartão encontrado com o traficante Éder Conde deu início à investigação| Foto: Divulgação PF

Flagrante

Líder do grupo foi filmado pelos policiais

Acusado de chefiar a quadrilha presa no fim de semana, Lourival Pires Ribeiro foi fotografado e filmado pela Polícia Federal (PF) em várias cidades onde, segundo os policiais, negociava a compra e a venda da cocaína. A (PF) descobriu remessas de dinheiro para contas em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, para pagar pela cocaína adquirida. Ribeiro teria usado uma financeira de São Paulo para fazer os pagamentos. A empresa deverá ser investigada.

Segundo a PF, o suspeito tem uma casa em Santa Cruz de La Sierra, mas morava em Curitiba e Joinville. Na cidade catarinense ele tinha um financiador do esquema, Jideon Pereira Simas, preso no sábado. Simas tinha uma escolinha de futebol da cidade. De acordo com a PF, o dinheiro ganho com o tráfico era investido na escola, que tem convênio com o São Paulo Futebol Clube. A polícia esclareceu que o clube paulista não tem relação com os crimes. A PF pediu o bloqueio dos bens dos suspeitos e de contas correntes.

  • Logística do tráfico

Uma das maiores quadrilhas de tráfico de cocaína do país, segundo a Polícia Federal (PF), foi desarticulada graças a um cartão de visitas. O grupo abastecia o tráfico em sete estados e mantinha operações em João Pessoa (PB), São Paulo , Por­to Velho (RO), Joinville (SC), Recife e Curitiba. Foram presas 11 pessoas.Entre elas, Lourival Pires Ribeiro, conhecido como Juca Pires, apontado como líder da quadrilha. Além disso, foram cumpridos 25 mandados de busca e apreensão, no último fim de semana, durante a Operação Catimbó. Um dos compradores de Ribei­ro em Curitiba seria Éder Conde, conhecido como "Fernan­dinho Beira-Mar do Paraná". Conde foi preso durante a Operação Ressaca, em maio de 2010, e condenado a 22 anos de prisão na semana passada. Um cartão de visitas de Robson Pires Ribeiro, filho de Juca Pires, encontrado no carro de Conde, deu início à investigação. "Já conhecíamos os nomes do Robson e do Juca Pires. Era uma oportunidade que não podíamos perder", afirmou o delegado Wagner Mesquita, da Delegacia Regional de Combate ao Crime Organizado da PF no Paraná. O cartão tinha o timbre de uma madeireira de Porto Velho (RO). A partir dessa pista, a PF descobriu as principais cidades onde o grupo estava.

A atuação de Ribeiro teria crescido em julho de 2010, quando a PF prendeu na Bolívia Maxi­miliano Dourado Munhoz Filho, apontado como maior fornecedor de cocaína na região do Mato Grosso. "Lourival assumiu os clientes do Maxi­miliano", disse o delegado.

Segundo a PF, em um ano de investigação foi apreendida uma tonelada de cocaína. Em uma das apreensões foram localizados 829 quilos de cocaína pura no fundo falso de um caminhão, quantidade que poderia render até R$ 6 milhões, de acordo com os policiais. Pai e filho foram presos em Curitiba, no sábado. Eles tentaram escapar para Joinville depois que descobriram que uma carga com cerca de 150 quilos de cocaína havia sido apreendida. "Como a droga não chegou, eles resolveram preparar a fuga do país", disse Mesquita.

O esquema

Citado pela CPI do Narcotráfico e condenado por tráfico de drogas em 1995, Ribeiro trazia a cocaína da Bolívia, em aviões de pequeno porte, para duas de suas quatro fazendas, segundo a PF. Em cada viagem (feita em baixa altitude para fugir dos radares) eram transportados cerca de 300 quilos da droga.

No Brasil, a quadrilha usava caminhões com fundo falso. A PF encontrou uma oficina na Cidade Industrial de Curitiba (CIC) onde as cabines eram montadas. Ribeiro ainda usaria um sistema conhecido como "celulares ponto a ponto" para se comunicar com os motoristas, que recebiam chips para fazer apenas uma ligação. Os chips eram descartados após cada ligação, para evitar interceptações.

Até o fim da tarde de ontem, a PF ainda fazia escavações em fazendas onde eram enterrados barris metálicos com cocaína. Durante a investigação, os policiais perceberam que a quadrilha fazia testes com detectores de metal nas propriedades para checar se a carga estava bem escondida. Os policiais já encontraram 160 quilos de cocaína pura no subsolo.

De acordo com a PF, além dos dois líderes (Lourival e Robson), a quadrilha tinha três homens responsáveis pelo transporte, quatro pelo armazenamento da droga e outros quatro que atuavam no esquema. O grupo é acusado de tráfico internacional de drogas, associação para o tráfico e lavagem de dinheiro. A reportagem tentou localizar os advogados dos detidos, mas não teve sucesso.

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