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Luiz Reis e a sua casa bioclimática: ar-condicionado, aquecedor e ventilador são utensílios dispensáveis no local | Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo
Luiz Reis e a sua casa bioclimática: ar-condicionado, aquecedor e ventilador são utensílios dispensáveis no local| Foto: Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo

Uma casa construída levando em conta o reaproveitamento de materiais e a posição do sol é garantia de colaboração para a sustentabilidade do planeta e de economia para os seus moradores. E é o resultado da chamada arquitetura bioclimática, conceito que busca a harmonia das construções ao clima e às características locais.

O arquiteto Luiz Reis, professor do curso de pós-graduação de Design Emocional da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, é um dos defensores deste tipo de construção. Tanto é assim que, em 1991, ele desenvolveu o projeto de sua própria casa a partir dos conceitos da arquitetura bioclimática.

Com isso, o professor confirmou na prática as vantagens deste tipo de construção: menor impacto ao meio ambiente e economia nas despesas mensais com água e luz. E tudo isso não representou um custo de construção maior. "O preço é equivalente ao de uma construção tradicional", afirma.

Apesar das vantagens, o arquiteto fala que hoje esse tipo de construção ainda é incomum. A principal causa, na opinião dele, é a falta de conhecimento dos próprios profissionais do ramo. Por outro lado, quem constrói, com poucas exceções, também não pede um projeto baseado nos conceitos da arquitetura bioclimática. Mas as coisas estão mudando. Reis lembra que, no passado, quando ele oferecia essa possibilidade, o cliente recusava. "Hoje, ele ainda não pede, mas também não recusa." Como professor, o arquiteto tenta difundir o conceito também entre os arquitetos.

Arrojo e conforto

Reis, a mulher e os dois filhos moram na casa bioclimática construída em Piraquara, na região metropolitana de Curitiba, há cinco anos. São cerca de 500 metros quadrados de área principal e de serviço. Apesar de não ser convencional, a casa não representa desconforto para os moradores. Segundo o arquiteto, para desenvolver um projeto como esse não é preciso transformar a obra em um laboratório. "Ela pode ser arrojada e confortável, além de sustentável", afirma.

Na casa de Reis, ar-condicionado, aquecedor e ventilador são dispensáveis. Ele conta que fez o isolamento térmico usando, no interior das paredes duplas, aparas de isopor. Assim, o calor de dentro não sai e o de fora não entra. "O objetivo é conseguir uma temperatura agradável e com pouco gasto de energia, o que favorece a sustentabilidade", diz, ao explicar o que buscou com o projeto da casa bioclimática.

Outra medida a ser tomada na construção para garantir uma boa ventilação, indica Reis, é usar o chamado efeito chaminé (pegar o ar na parte inferior e fazer sair o ar aquecido da parte superior do ambiente). Isso acontece naturalmente, desde que as aberturas das janelas estejam na parte inferior, ao contrário do que é feito normalmente. A ventilação cruzada, completa o arquiteto, é outra medida importante. O ar deve entrar por um lugar e sair por outro para que haja ventilação. Num apartamento, por exemplo, na parede oposta à da janela dá para fazer uma pequena abertura só para garantir a circulação do ar.

Reis também se preocupou com a economia de água. Para irrigar o jardim foi criado um sistema que aproveita a água do chuveiro, que é levada por tubos feitos de garrafas PET. Ele também faz a coleta de água da chuva para uso na limpeza da casa e para lavar o carro. A caixa d’água utilizada nesse sistema também é feita de material reciclável.

A preocupação com os materiais ajuda a manter o custo da obra dentro de padrões normais. Na sua casa, Reis usou esquadrias de aço inox reutilizado. Já os tijolos são de demolição, ou seja, também não são novos. O arquiteto diz que muitas vezes uma casa não é considerada sustentável por problemas na orientação do projeto. Por exemplo, é preciso orientar a construção para que o sol entre no inverno e não entre no verão. Isso é possível, completa, a partir de um cálculo que deve ser feito no projeto, portanto, sem implicação de custos extras.

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