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Suspeita de extorsão levou quase todos os policiais da delegacia do Alto Maracanã para a prisão em 2009 | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Suspeita de extorsão levou quase todos os policiais da delegacia do Alto Maracanã para a prisão em 2009| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Lucro - Tráfico rendia R$ 2 mi por mês

A Operação Fênix, deflagrada pelo Ministério Público e a Polícia Militar, prendeu 45 acusados de integrar quadrilhas de traficantes que agiam em Curitiba e região metropolitana. Dois deles foram soltos no decorrer do processo. Porém 43 permaneciam presos até o habeas corpus concedido pelo Tribunal de Justiça do Paraná. Muitos dos detidos na época também eram suspeitos de outros crimes.

De acordo com a Secretaria de Estado da Segurança Pública, a quadrilha seria responsável por pelo menos 30% da droga vendida na capital e municípios vizinhos em 2007, ano das prisões. A droga sairia de Foz do Iguaçu. O grupo arrecadaria cerca de R$ 2 milhões por mês. Foram tantas as prisões, de uma só vez, que a apresentação dos presos e do material apreendido foi realizada no ginásio de esportes da PM. Mais de 150 policiais trabalharam na ação.

A promotora Marla de Freitas Blanchet, do Grupo de Atuação Es­­­pecial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Paraná (MP-PR), pede há mais de um ano a quebra de sigilo bancário e fiscal da delegada Márcia Rejane Vieira Marcon­­des e do investigador José Antônio Braga. O juiz Fernando Swain Ganem, da Vara Criminal de Colombo, não nega, mas também não aceita o procedimento. Impasse que atrapalha o andamento das investigações.

"A investigação parou por causa disso", afirma a promotora. Os dois policiais civis são réus em uma ação penal em Colombo, cidade da Grande Curitiba onde atuavam até meados de 2009. Eles foram de­­­nunciados pelo MP-PR sob acusação de participar de um esquema de extorsão de pessoas detidas por tráfico de drogas. Na época, quase todos os policiais da delegacia do Alto Mara­­­canã foram presos por suspeita de envolvimento nos su­­­­postos crimes. Além de Márcia e Braga, foram detidas mais 38 pessoas durante a ação, desencadeada pelo Gaeco e pela Secretaria de Estado da Segurança Pública .

"O sigilo daria um panorama da renda lícita dela. Veríamos realmente se a renda comportaria todas as despesas que tem", explica Marla. A promotora afirma que a delegada tem uma lancha em seu nome no valor de R$ 70 mil, além de um apartamento no bairro Batel, localização nobre de Curitiba. Braga, conforme Marla, tinha, na época, um montante de dinheiro em conta bancária que não condizia com sua renda. A informação apareceu durante a busca e apreensão ocorrida no dia da prisão dos policiais.

Embora não tenha respondido o pedido da promotora, Ganem concedeu a restituição de diversos bens dos suspeitos durante esse tempo. A quantia de R$ 9 mil, apreendida no guarda-roupa da delegada, foi devolvida. Além disso, o magistrado também devolveu um veículo Vectra, entregue ao cunhado de um dos detidos na época. "O Vectra era objeto de extorsão e foi restituído", lamenta a promotora.

Outro lado

Procurado pela reportagem, o juiz Ganem disse que não falaria sobre o caso em razão de o processo estar em andamento, assim como a sequência das investigações.

O advogado da delegada Már­­­cia, Beno Brandão, afirma que desconhece documento ou investigação que mostre que a policial tenha patrimônio incompatível com o salário da função que ela exerce. O investigador Braga informou que também desconhece tal investigação e que o patrimônio que tem foi adquirido nos mais de 20 anos como servidor da polícia. Além disso, nega, assim como a defesa da delegada, qualquer participação no esquema de extorsão do Alto Maracanã. Braga diz que é defendido pela própria filha no caso por falta de dinheiro.

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