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Após 16 horas de júri, o policial civil Daniel Luís Santiago Cortes foi condenado a 12 anos e 10 meses de prisão por participar da tentativa de acobertamento do assassinato do estudante Rafael Rodrigo Zanella, em maio de 1997. O resultado saiu à 1h45 de ontem. Cortes foi considerado culpado das três acusações: fraude processual, denunciação caluniosa e tortura. A sentença também determinou a exoneração do policial, que é assessor do Departamento de Polícia Civil. Zanella foi morto em uma tocaia, por policiais civis que plantaram drogas e uma arma no corpo do rapaz para fazê-lo passar por traficante.

O policial foi o quarto condenado no caso. A partir de hoje, mais dois envolvidos no acobertamento serão julgados pelo júri. Carlos Henrique Dias, na época escrivão do 12.° Distrito Policial, no bairro Santa Felicidade, é acusado de ter registrado a versão dos policiais, mesmo ciente da farsa, e vai a julgamento hoje, a partir das 9 horas.

O então delegado Maurício Fowler teria auxiliado na adulteração do local do crime e na coação dos rapazes e será julgado no dia 15. Os dois respondem pelos mesmos crimes de Cortes. Fowler ainda é acusado de usurpação da função pública, por permitir que o assassino, um estudante de Di­­reito, se passasse por policial. Os três não participaram do homicídio, mas serão julgados pelo Tri­­bunal do Júri, por estarem associados a um crime contra a vida.

Na noite de 28 de maio de 1997, Zanella e outros três rapazes saíam da casa de um amigo quando tiveram o carro cercado por três policiais – Airton Adonski, Reinaldo Siduvoski e Jorge Élcio Bressan –, pelo estudante de Direito Gui­lherme Vieira Doni e por Almiro Deni Schmidt. Os cinco estavam de tocaia na frente da residência, onde suspeitavam que morasse um traficante. Doni e Schmidt não eram policiais, mas prestavam serviços de forma irregular no 12.° Distrito. Schmidt portava arma e distintivo. Foi ele quem deu um tiro na cabeça do estudante, assim que o carro parou. Adonski, Si­­duvoski e Schmidt já foram condenados.

Julgamento

Durante a plenária do júri foram ouvidos Cortes e quatro testemunhas de defesa. As testemunhas de acusação já tinham sido ouvidas em juízo nas fase de instrução, em 2007. Cortes negou ter participado da prisão em flagrante dos três rapazes, bem como a acusação de tortura psicológica, e disse que já havia uma aglomeração de pessoas quando chegou ao local. Os policias plantaram drogas no porta-mala do carro para incriminá-los. Eles foram ameaçados para depor que Zanella era traficante.

O réu disse ainda que não tinha acesso às provas dos inquéritos no 12.° DP. A arma e a droga plantadas eram evidências de uma investigação e foram retiradas da delegacia. "As provas ficam na sala do escrivão responsável pelo inquérito, só ele tem a chave", afirmou. No en­­tanto, os testemunhos dos demais envolvidos apontam que o policial retirou a arma e a usou para alvejar a viatura. Os outros ouvidos testemunharam a favor do caráter do policial.

Para a família do estudante, o resultado é um aviso a todos os policiais de que eles devem responder por crimes que venham a cometer. "A polícia tem de saber que não está acima da lei", disse Elizabetha Zanella, mãe da vítima.

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