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Uma semana após o desligamento dos radares de trânsito, o número de ocorrências de excesso de velocidade nas ruas de Curitiba continua bastante acima da média registrada no ano. Dados da Urbanização de Curitiba S.A.(Urbs), no entanto, mostram que desde a quinta-feira passada, quando os equipamentos deixaram de multar, o índice de infrações tem apresentado tendência de queda. O número de casos contabilizados em um período de 24 horas caiu de 10.426 no dia 3, para 4.863 no dia 8 (-53,3%). A média diária antes da desativação dos radares era de 1,1 mil.

Conforme explica a Urbs, embora todos os 110 radares da cidade tenham sido desligados às 10h15 da quinta-feira passada, e nenhuma multa ser emitida desde então, os sensores de solo continuam a registrar a quantidade de carros que passam em velocidade superior à permitida, para fins estatísticos.

Para a psicóloga perita em trânsito Maria Elaine Andrade Celeira de Lima, a explicação para a redução no número de excessos de velocidade está diretamente ligada à conscientização por parte dos infratores. "Podemos comparar o comportamento dos motoristas ao de uma criança que tem um pai muito rígido", diz Maria Elaine. "Quando o pai torna-se calmo, a reação dela é fazer o máximo de coisas que não podia fazer antes, de modo a aproveitar a liberdade. Depois de um tempo, no entanto, passada a euforia, o comportamento começa a se estabilizar; é uma tendência natural", explica.

Números

Na data em que os equipamentos foram desligados, a cidade registrou 10.426 ocorrências de excesso de velocidade no trânsito, o que corresponde a dez vezes a média de 1,1 mil infrações por dia registrada neste ano, segundo a Urbs – na semana passada, o órgão havia divulgado o número de 10.144 casos, mas o dado foi retificado nesta quinta. Na sexta-feira (4), os registros de velocidade acima da máxima permitida subiram para 13.973. No sábado (5), foram contabilizados 9.057 excessos, e no domingo, 9.168. O índice caiu para 5.082 na segunda-feira (7) e para 4.863 na terça (8), última data que teve todas as ocorrências contabilizadas pela Urbs.

A diretora de Trânsito da Urbs, Rosângela Battistela, não pôde falar com a reportagem nesta manhã para comentar os números por estar participando de um evento. Segundo a assessoria de imprensa da Urbs, o entendimento do órgão é o de que a redução no número de excessos de velocidade, além da conscientização dos motoristas, está ligado à "impressão" de que os radares continuam multando.

Na quinta-feira em que os "pardais" foram desativados, a Consilux, empresa que opera os radares, cobriu os equipamentos com lonas plásticas pretas, como forma de mostrar ao Ministério Público que a decisão judicial estava sendo cumprida. Na sexta-feira, entretanto, a pedido do prefeito Beto Richa, os plásticos foram retirados. Na ocasião, a diretora de Trânsito da Urbs dizia que as lonas "aumentavam a sensação de impunidade dos motoristas".

Acidentes

Na segunda-feira, uma grave colisão de trânsito no Batel deixou quatro mortos e, segundo a polícia, entre os fatores que determinaram a gravidade do acidente estaria o excesso de velocidade. A psicóloga Maria Elaine, no entanto, não acredita que a repercussão do caso tenha provocado uma adequação no comportamento dos motoristas. "Pode ter havido pessoas que se impressionaram e baixaram a velocidade, mas, em geral, uma mudança repentina no comportamento ocorre após uma experiência traumática própria, não a partir do erro dos outros", afirma.

A assessoria de imprensa do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran), da Polícia Militar (PM), apesar de não divulgar números, disse que não houve aumento na quantidade de acidentes após o desligamento dos radares. Segundo a assessoria, a maioria dos acidentes ocorre em cruzamentos e não em ruas com radar.

Suspensão de contrato

A Justiça determinou o desligamento dos radares de Curitiba depois de considerar ilegal o contrato assinado entre a Urbs e a Consilux. O acordo entre as empresas foi assinado há mais de cinco anos e vem sendo prorrogado desde então. Em março deste ano, expirou o prazo máximo previsto em lei para prorrogação de contratos licitados. Com o esgotamento do prazo, a Urbs avisou ao Tribunal de Contas do Estado (TC) que prorrogaria o contrato "em caráter emergencial" com a Consilux, o que foi contestado pelo Ministério Público (MP) na Justiça e levou ao desligamento dos radares.

Sete empresas participam de uma nova licitação que é feita pela Urbs para a contratação de serviços de monitoramento eletrônico de trânsito. A previsão do órgão é que o processo esteja concluído até o fim deste mês, com início do processo de contratação e instalação de equipamentos a partir do começo do ano que vem.

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