Na terça-feira à tarde, em cerimônia privada na casa de retiros da Arquidiocese de Curitiba, no bairro Mossunguê, o prefeito de Curitiba Luciano Ducci repassou ao arcebispo dom Moacir Vitti, um decreto assinado que garante para a Cúria o repasse de R$ 4 milhões, destinados ao restauro da Catedral Basílica Menor de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, na Praça Tiradentes, Centro da cidade. A transferência de dinheiro encerra o embate do ano em torno da salvaguarda desse patrimônio histórico.O processo costuma ser de difícil entendimento para leigos. Em miúdos, empreiteiras e construtoras interessadas em construir mais metros quadrados do que o zoneamento permite compram metragem da prefeitura. Esse recurso, até meados deste ano, estava sendo usado para beneficiar creches e não mais o patrimônio, para pesar de quem atua no campo do restauro e preservação. O decreto de Ducci pode trazer novamente a política de "potencial construtivo", como é chamada, à finalidade original: custear a arquitetura antiga de Curitiba.
Embora seja o edifício religioso mais importante e imponente da cidade, erguido em gótico tardio e maço do fausto paranaense do final do século 19, a catedral estava impedida de receber transferência de verba pública. Alegava-se ter sido beneficiária de repasses municipais em outras épocas. A última reforma do templo foi em 1993, quando o prefeito da capital era Rafael Greca de Macedo.
O veto à participação do templo nas políticas de preservação mobilizou a arquiteta Giceli Portela, que atua no setor. Ela é a proprietária e restauradora da Casa Artigas, na Rua da Paz, Alto da XV. Giceli e sua equipe trabalharam um ano no projeto de restauro da catedral. A impossibilidade de ver o templo recadastrado como "unidade especial de interesse de preservação" (Uiep) como vinha insistindo a Secretaria Municipal de Urbanismo praticamente inviabilizava a obra, orçada em R$ 7 milhões.
O cônego Genivaldo Ximendes, pároco da catedral, chegou a iniciar campanhas de arrecadação de verbas junto aos fieis e à sociedade organizada. Fez um pequeno fundo de esmolas. Mas logo se deu conta de que a velocidade das doações não acompanhava a rapidez com que o templo se deteriora. A Catedral Basílica, como é chamada, foi inaugurada em 1893. Tem, portanto, 117 anos e está sujeita a atentados diários a sua integridade.
Estima-se que a igreja seja frequentada por cerca de 1,4 mil pessoas dia. A "densidade populacional" pode até não ser das maiores, se comparada às paróquias Nossa Senhora do Guadalupe e Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, ambas pontos de peregrinação. Mas são formas de devoção diferentes: em vez de novenas e missas festivas, a catedral permanece como um espaço devocional, onde as pessoas vêm rezar e acender velas.
Um dos maiores problemas da catedral é a fuligem das velas nas paredes, arruinando as pinturas murais dos irmãos Anacleto e Carlos Garbaccio, feitas na década de 1940. Não bastasse, não é possível sustentar um programa de manutenção do templo o que seria desejável a um prédio centenário. Em reportagem publicada na Gazeta do Povo no primeiro semestre deste ano apurou-se que a paróquia arrecada R$ 25 mil por mês e gasta metade disso para pagar funcionários: há necessidade de segurança diária, por motivos óbvios.
A expectativa de Giceli Portela e do cônego Genivaldo é que a reabilitação da catedral como unidade especial de interesse garanta ao templo uma nova fase. Depois do restauro que deve durar dois anos a Cúria deve adotar um programa rígido de manutenção. Espera-se que o prefeito Luciano Ducci encerre seu mandato, em 2012, com missa na "nova" catedral.
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